Araujense Conde da Barca

Também conhecida como Coleção Araujense, esta “livraria” destaca-se no acervo formador da Biblioteca Nacional. Foi adquirida em leilão, em 1819, dois anos após a morte de seu proprietário, Antônio de Araújo de Azevedo, o Conde da Barca. É constituída de 2.365 obras em 6.329 volumes, em sua maior parte dos séculos XVII e XVIII. Seu repertório diversificado, da Botânica à Teologia, incluindo Metalurgia, Astronomia e Numismática, revela um leitor curioso e ávido por um saber universal.

A livraria

Organizada a partir de 1787, a Coleção Araujense está distribuída nas diversas divisões da Biblioteca Nacional. É possível encontrar seus títulos nos catálogos de Obras Raras, Manuscritos, Iconografia, Cartografia, Música e Obras Gerais. Muitos volumes perderam o Ex-libris de seu titular e foram marcados com o selo da Real Biblioteca, dificultando, posteriormente, a reconstituição original da “livraria” do Conde da Barca. Dentre as raridades bibliográficas estão: uma edição de 1550 das obras completas de Maquiavel, o famoso tratado de esgrima de Girard Thibault de 1628 e a coleção ilustrada Hortus Nitidissimis, editada entre 1750 e 1786 na Alemanha.

A Coleção Le Grand Théâtre de l’Univers

Uma parte importante do espólio bibliográfico do Conde da Barca está sob a guarda da Divisão de Iconografia. Trata-se da coleção Le Grand Théâtre de l’Univers, formada por 125 volumes em formato in-plano, com gravuras de paisagens, cenas históricas, batalhas, reis, rainhas e personagens influentes nas monarquias europeias dos séculos XVII e XVIII, além de mapas, folhetos e cartas topográficas de batalhas. Esta preciosa coleção foi originalmente organizada por Goswinus Uilenbroeck (1658-1740), colecionador holandês, proprietário de uma das mais preciosas bibliotecas do seu tempo. É um conjunto iconográfico único, contemplando os principais expoentes no ofício da gravura, sobretudo os representantes da arte flamenga, alemã, além da famosa escola francesa. Inclui, por exemplo, gravuras de batalhas a partir de desenhos de Georg Philipp Rugendas, bisavô de Johann Moritz Rugendas, e gravuras retratando o advento da peste na França em 1720.

Sobre Antônio de Araújo de Azevedo

Antônio de Araújo de Azevedo nasceu em Portugal, em 1754. Aos 11 anos de idade iniciou seus estudos literários, incluindo o aprendizado de francês, inglês, italiano, grego e latim. Em Coimbra, estudou Humanidades, mas não chegou a concluir o Curso de Filosofia. Dedicou-se também ao estudo das “Boas-letras”, especialmente História e Matemática.

Em 1779 iniciou-se na vida pública e organizou a Sociedade Econômica dos Amigos do Bem Público, com o objetivo promover a agricultura, a indústria e o comércio da região de Ponte de Lima, onde nasceu. Transferiu-se para Lisboa em 1780. Em 1787 foi nomeado por D. Maria I ‘Enviado Extraordinário nos Estados Gerais das Províncias dos Países-Baixos’. Em 1790 assumiu em Haia o posto de Ministro Plenipotenciário de Portugal. Em 1798 foi encarcerado pelos franceses, acusado de conspiração. Entre 1804 e 1806 acumulou as pastas de Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra e de Ministro do Reino.

Em 1808 seguiu para o Rio de Janeiro, acompanhando a Família Real. Trouxe seus livros e documentos administrativos, além de um laboratório de química, uma coleção de mineralogia e uma tipografia completa, que deu origem à Imprensa Régia, primeira casa impressora oficial do Brasil. Afastado das funções ministeriais, dedicou-se às artes, ciências e a empreendimentos comerciais. Regressou ao gabinete em 1814, como Ministro da Marinha e Ultramar. Em 1815 recebeu o título de 1º Conde da Barca, exerceu influência nas negociações do Congresso de Viena e nas disputas territoriais com a Espanha. No campo das artes, colaborou com a vinda da Missão Artística Francesa em 1816. Com a saúde fragilizada, faleceu em 1817.

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