Hoje sediado no 3º andar do Palácio Capanema, o acervo foi criado em 1952, por iniciativa do então diretor e escritor Eugênio Gomes (1897-1972), a partir de relíquias, como livros raros e partituras, extraídas da coleção geral da Biblioteca Nacional pela bibliotecária e musicóloga Mercedes Reis Pequeno (1921-2015).
Preciosidades
A base do Acervo de Música e Arquivo está nas peças trazidas de Portugal por D. João VI, pertencentes à chamada Real Biblioteca, abrangendo, dentre outros documentos, livros, partituras, libretos de óperas, livros litúrgicos, missais e tratados. Também merece grande destaque a Coleção Thereza Christina Maria, constituída de obras que pertenceram às imperatrizes D. Leopoldina e D. Thereza Christina, incluindo partituras em primeiras edições de Mozart, Haydn, Beethoven, Pleyel, além de livros raros e exemplares do periódico Brazil Musical, dedicado a S.M a Imperatriz do Brasil.
Outras importantes coleções, como a do Conde da Barca, J.A. Marques e Salvador Mendonça estão também representadas com obras dos séculos XVI e XVII.
Ao longo dos anos, o acervo foi enriquecido através de contribuições legais, doações e compras. Na década de 1950, destaca-se a aquisição, por lei do Congresso Federal, da biblioteca musical do cearense Abrahão de Carvalho (1891-1970), a maior particular do Brasil, com cerca de 17 mil peças, que impulsionou de maneira definitiva a estruturação de um acervo de música para a Biblioteca Nacional. Nela se podem destacar as seguintes raridades:
- obras do teórico e filósofo Gioseffo Zarlino (1517-1590);
- tratados de Jean Philippe Rameau (1683-1764) e de Francisco Ignácio Solano (c.1720-1800);
- primeiras edições de composições de Franz Liszt (1811-1886);
- a obra "Regole del contrapunto pratico" (Nápoli, 1794), de Nicola Sala (1713-1801), único exemplar no Brasil;
- Compêndio de música theorica e pratica (Porto, 1816) do frei Domingos de São José Varella, a Primeira parte do Index da Livraria de Música do Muyto Alto, e Poderoso Rey Dom João IVº, Nosso Senhor, anno 1640, que fala do tesouro musical, destruído pelo grande terremoto de Lisboa de 1755;
- Ricardo Wagner e Francisco Liszt recordações pessoais (Lisboa, 1874), de Platon de Waxel, impresso apenas em 50 exemplares, dos quais Abrahão de Carvalho possuía o volume de nº 23.
A compra da coleção Luciano Gallet (1893-1931) incorporou também a obra do compositor Glauco Velazquez (1883-1914), que se encontrava em poder daquele compositor e amigo.
Por meio de doações de particulares foram somados ao acervo autógrafos dos compositores Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), Alberto Nepomuceno (1864-1920), Francisco Braga (1868-1945), Meneleu Campos (1872-1927), Brasilio Itiberê (1896-1967), Ernesto Nazareth (1863-1934), Francisco Mignone (1897-1986), César Guerra-Peixe (1914-1993), Helza Cameu (1903-1995), entre outros.
Na coleção de manuscritos musicais de compositores brasileiros destacam-se as óperas Il Guarany, Fosca, Maria Tudor e Salvator Rosa, de Carlos Gomes (1836-1896), grande referência musical do Brasil. Este conjunto documental recebeu em 2009 a Nominação no Registro Nacional Brasil do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, o que confirma o valor excepcional do acervo.