Música e Arquivo Sonoro

O acesso ao Acervo de Música e Arquivo Sonoro está suspenso enquanto durarem as obras no Palácio Gustavo Capanema.

Com mais de 250 mil peças, o acervo reúne uma vasta coleção de livros, partituras, fotografias, programas de concerto, manuscritos e libretos de ópera, todos eles guardando alguma relação com a história da música no Brasil e no mundo. Além de peças raras, muitas delas doadas por compositores e maestros renomados, o pesquisador também encontra uma ampla coleção de LPs, CDs e DVDs. O conjunto constitui um dos mais importantes acervos musicais existentes no País, de fundamental relevância para pesquisadores e musicólogos.

Hoje sediado no 3º andar do Palácio Capanema, o acervo foi criado em 1952, por iniciativa do então diretor e escritor Eugênio Gomes (1897-1972), a partir de relíquias, como livros raros e partituras, extraídas da coleção geral da Biblioteca Nacional pela bibliotecária e musicóloga Mercedes Reis Pequeno (1921-2015).

Preciosidades

A base do Acervo de Música e Arquivo está nas peças trazidas de Portugal por D. João VI, pertencentes à chamada Real Biblioteca, abrangendo, dentre outros documentos, livros, partituras, libretos de óperas, livros litúrgicos, missais e tratados. Também merece grande destaque a Coleção Thereza Christina Maria, constituída de obras que pertenceram às imperatrizes D. Leopoldina e D. Thereza Christina, incluindo partituras em primeiras edições de Mozart, Haydn, Beethoven, Pleyel, além de livros raros e exemplares do periódico Brazil Musical, dedicado a S.M a Imperatriz do Brasil.

Outras importantes coleções, como a do Conde da Barca, J.A. Marques e Salvador Mendonça estão também representadas com obras dos séculos XVI e XVII.

Ao longo dos anos, o acervo foi enriquecido através de contribuições legais, doações e compras. Na década de 1950, destaca-se a aquisição, por lei do Congresso Federal, da biblioteca musical do cearense Abrahão de Carvalho (1891-1970), a maior particular do Brasil, com cerca de 17 mil peças, que impulsionou de maneira definitiva a estruturação de um acervo de música para a Biblioteca Nacional. Nela se podem destacar as seguintes raridades:

  • obras do teórico e filósofo Gioseffo Zarlino (1517-1590);
  • tratados de Jean Philippe Rameau (1683-1764) e de Francisco Ignácio Solano (c.1720-1800);
  • primeiras edições de composições de Franz Liszt (1811-1886);
  • a obra "Regole del contrapunto pratico" (Nápoli, 1794), de Nicola Sala (1713-1801), único exemplar no Brasil;
  • Compêndio de música theorica e pratica (Porto, 1816) do frei Domingos de São José Varella, a Primeira parte do Index da Livraria de Música do Muyto Alto, e Poderoso Rey Dom João IVº, Nosso Senhor, anno 1640, que fala do tesouro musical, destruído pelo grande terremoto de Lisboa de 1755;
  • Ricardo Wagner e Francisco Liszt recordações pessoais (Lisboa, 1874), de Platon de Waxel, impresso apenas em 50 exemplares, dos quais Abrahão de Carvalho possuía o volume de nº 23.

A compra da coleção Luciano Gallet (1893-1931) incorporou também a obra do compositor Glauco Velazquez (1883-1914), que se encontrava em poder daquele compositor e amigo.

Por meio de doações de particulares foram somados ao acervo autógrafos dos compositores Oscar Lorenzo Fernandez (1897-1948), Alberto Nepomuceno (1864-1920), Francisco Braga (1868-1945), Meneleu Campos (1872-1927), Brasilio Itiberê (1896-1967), Ernesto Nazareth (1863-1934), Francisco Mignone (1897-1986), César Guerra-Peixe (1914-1993), Helza Cameu (1903-1995), entre outros.

Na coleção de manuscritos musicais de compositores brasileiros destacam-se as óperas Il Guarany, Fosca, Maria Tudor e Salvator Rosa, de Carlos Gomes (1836-1896), grande referência musical do Brasil. Este conjunto documental recebeu em 2009 a Nominação no Registro Nacional Brasil do Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, o que confirma o valor excepcional do acervo.

Obras em destaque

1922 - Ernesto Nazareth

A Música 1922 marca a fase em que Ernesto Nazareth volta a se banhar puramente no espírito popular, com uma obra originalmente dedicada ao Carnaval. Porém, esta idéia foi interrompida ao se trocar seu gênero para “tango brasileiro”.

O Guarani - Carlos Gomes

A ópera “O Guarani”, criada por Carlos Gomes e baseada no livro homônimo de José de Alencar, foi o primeiro sucesso de uma obra musical brasileira no exterior. Carlos Gomes começou sua composição entre 1867 e 1868, mas ela só foi finalizada mais tarde e teve sua estréia no dia 19 de março de 1870, no Teatro Alla Scalla de Milão, na Itália.

Pelo Telefone, samba de Donga

Pelo Telefone, composição de Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos), é considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil. A imagem mostra a capa da partitura, disponível no Acervo de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional.

Primeira Mazurka - Alberto Nepomuceno

Alberto Nepomuceno foi um compositor, pianista, organista e regente brasileiro. Considerado o "pai" do nacionalismo na música erudita brasileira.