O Samba completa cem anos

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016.
Data histórica
música, Música e Arquivo Sonoro, música popular, samba
O samba, ritmo musical criado pelos escravos africanos, símbolo da tradição cultural brasileira, patrimônio imaterial, reconhecido também pela Unesco em 2005 como Patrimônio da Humanidade, comemora esse ano de 2016, o seu centenário. O ano de 1916 entrou para a história da Música Popular Brasileira graças à iniciativa de Ernesto Joaquim Maria dos Santos mais conhecido como Donga, autor de Pelo telefone, datado de 1916 e, considerado o primeiro samba brasileiro.

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Manuscrito de Pelo Telephone, de Donga, integra o acervo da Biblioteca Nacional.
Manuscrito de Pelo Telephone, de Donga, integra o acervo da Biblioteca Nacional.

Em 6 novembro de 1916, Ernesto dos Santos, o Donga, entrega uma petição de registro para o samba carnavalesco Pelo telephone, no Departamento de Direitos Autorais, da Biblioteca Nacional. A partitura manuscrita para piano, feita por Pixinguinha estava dedicada a dois foliões, os carnavalescos Peru, Mauro de Almeida e Morcego, Norberto Amaral.  Em 16 de novembro de 1916, Donga anexou à petição um atestado que afirmava ter sido o samba Pelo telephone executado pela primeira vez em 25 de outubro de 1916 no Cine-Teatro Velho.  O registro da obra  foi efetuado pela Biblioteca Nacional em 27 de novembro de 1916, com o número 3.295.

O samba Pelo telephone fez grande sucesso no carnaval de 1917, dando origem a inúmeras paródias.

A palavra samba procede da expressão africana semba (umbigada), empregada para designar dança de roda, popular em todo o Brasil. Os sambas mais conhecidos são os da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Na Bahia, adquiriu denominações conforme as variações coreográficas. No Rio de Janeiro, inicialmente era a dança de roda entre os habitantes dos morros, daí nasceu o samba urbano carioca, espalhado por todo o território nacional.

Existem várias modalidades de samba.

  • O samba de breque, com ritmo acentuadamente sincopado, caracteriza-se por paradas súbitas, os chamados "breques", que permitem que o cantor encaixe comentários falados alusivos ao tema. Seu mais conhecido intérprete é o cantor Moreira da Silva, cujo maior sucesso foi O Rei do gatilho, de 1962.
  • Já o samba-canção privilegia a melodia, geralmente romântica e sentimental, como o samba Castigo, de Lupicinio Rodrigues e Alcides Gonçalves.
  • O samba-enredo deve compreender os resumos poéticos de tema histórico, folclórico, literário, biográfico ou livre que for escolhido para enredo ou assunto da apresentação da escola de samba em seu desfile.
  • O samba-exaltação apresenta letra de tema patriótico. A ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral, sendo Aquarela do Brasil, grande sucesso de Ari Barroso, o exemplo perfeito desse estilo. A música foi gravada pelo cantor Francisco Alves em 1939.

Na Divisão de Música e Arquivo Sonoro, da Biblioteca Nacional é possível encontrar livros sobre samba, escolas de samba, assim como partituras de inúmeros sambas conhecidos e de grande sucesso, como dos compositores Donga, Sinhô, Noel Rosa, Mário Lago, Lupicinio Rodrigues, Wilson Batista, Ari Barroso, Herivelto Martins, Grande Otelo, Adoniran Barbosa, Ismael Silva, Ataulfo Alves e muitos outros.

No arquivo do Acervo de Música e Arquivo Sonoro é possível ouvir:

  • Pelo telephone com o Conjunto Regional de Donga e Zé da Zilda em gravação da Odeon datada de 1938;
  • Ai! Que saudade de Amélia, de Mario Lago e Ataulfo Alves, em gravação da Odeon de 1941;
  • Fita amarela, samba de Noel Rosa, tendo como intérprete Francisco Alves, em gravação da Odeon de 1932.
Manuscrito de Pelo Telephone, de Donga, integra o acervo da Biblioteca Nacional.
Samba, de Alexandre Levy, exemplar pertencente ao acervo de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional.

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