Legado do passado para a comunidade mundial presente e futura, o patrimônio documental dos povos do mundo traça a evolução do pensamento, dos descobrimentos e das realizações da sociedade humana. Trabalhar em prol da preservação destes documentos é a missão do programa Memória do Mundo.
As diretrizes gerais do programa foram elaboradas pela Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Bibliotecas (IFLA) que, em conjunto com o Conselho Internacional de Arquivos (ICA), compilou listas de coleções de bibliotecas e de acervos de arquivos danificados de forma irreparável.
Os comitês regionais e nacionais são partes cruciais na estrutura do programa e na implementação de suas cinco estratégias fundamentais: identificação de patrimônio documental, conscientização, preservação, acesso, estruturas, status e relações.
O aspecto que mais se destaca no Programa Memória do Mundo é o Registro da Memória do Mundo, criado em 1995. Trata-se de uma lista do patrimônio documental mundial recomendada pelo Comitê Consultivo Internacional (International Advisory Committee – IAC) e endossada pela diretora-geral da UNESCO. Os critérios de seleção para a inscrição de um acervo estão relacionados à sua importância mundial e ao seu destacado valor universal.
Preciosidades do acervo reconhecidas pela UNESCO
A Biblioteca Nacional possui uma série de obras e coleções certificadas com o Registro da Memória do Mundo da UNESCO. São elas:
2016 - Arquivo Artur Ramos
Uma das coleções mais importantes da BN, o conjunto reúne aproximadamente 4.860 documentos compreendidos entre as datas 1740 e 1955, produzidos ou acumulados pelo médico, etnólogo e professor Arthur Ramos. Leia mais.
2015 - Documentos da Guerra do Paraguai
O conjunto “A Guerra da Tríplice Aliança: representações iconográficas e cartográficas” abrange 402 documentos iconográficos e cartográficos de nove instituições brasileiras e da Biblioteca Nacional do Uruguai. Leia mais.
2015 - Cultura e Opulência do Brasil
A obra Cultura e Opulência do Brasil, de André João Antonil – pseudônimo do jesuíta italiano João Antônio Andreoni –, foi publicada em 1711, sendo recolhida por ordem de D. João V, a partir de uma recomendação do Conselho Ultramarino, que considerou inconveniente a publicação das informações sobre as riquezas do Brasil e a enumeração das rendas da Coroa Portuguesa. O livro reúne, em quatro partes, informações sobre as principais atividades econômicas da colônia (cana-de-açúcar, tabaco, mineração e pecuária), e por isso é considerada a obra fundadora do estudo da economia brasileira. Além disso, é um retrato detalhado dos hábitos e costumes da população da época, possibilitando estudos sobre escravidão, relações familiares, questões de gênero e muitos outros temas relacionados à vida no Brasil Colônia.
2014 - Cartas Andradinas
Conjunto de cartas enviadas pelos três irmãos Andrada - José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos – ao jornalista e diplomata Antônio de Menezes Vasconcelos de Drummond, entre 1824 e 1833.
2013 - Manuscritos Musicais de Ernesto Nazareth
Considerado um dos mais criativos compositores brasileiros, Ernesto Nazareth nasceu no Rio de Janeiro em 1863. Começou a aprender piano aos três anos e compôs sua primeira música aos 14 anos.
2012 - Atlas e Mapa do Cartógrafo Miguel Antônio Ciera (1758)
Primeiro conjunto iconográfico da região que, no século XVIII, passou a receber o nome de Pantanal, com cartas geográficas e registros a lápis e a aquarela de elementos da fauna, tipos populares e vistas de paisagens.
2011 - Matrizes da Gravura da Casa Literária do Arco do Cego
Matrizes originais de cobre gravadas, produzidas pela tipografia da Casa Literária Arco do Cego que, provavelmente, foram enviadas para a Impressão Régia no Brasil.
2010 – “Viagem Filosófica”: Expedição Científica de Alexandre Rodrigues Ferreira nas Capitânias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá - 1783-1792
Acervo com 191 documentos textuais e aproximadamente 1.500 desenhos, representando, em sua maioria, a botânica e a fauna do Brasil no século XVIII.
2009 - Manuscritos Musicais de Carlos Gomes
Natural de Campinas, SP, Carlos Gomes foi o mais importante compositor de ópera brasileiro. Autor de ‘O Guarani’, destacou-se pelo estilo romântico.
2008 - Carta Régia da Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas *
Primeiro decreto promulgado por D. João VI no Brasil, quatro dias após a sua chegada no Brasil, em 1808, autorizando a abertura dos portos do Brasil ao comércio com as nações amigas de Portugal.
2003 - A Coleção do Imperador: Fotografia Brasileira e Estrangeira do Século XIX **
Acervo com 23 mil fotografias do Brasil e do mundo no século XIX, que foram doadas por D. Pedro II e integram a Coleção Thereza Christina Maria.
* incluído também no Registro Regional da América Latina e Caribe
** incluído também no Registro Internacional da Unesco