Tipografia do Arco do Cego

Inúmeras obras impressas na Tipografia do Arco do Cego compõem esta coleção, que contém também diversas matrizes originais de cobre gravadas, produzidas pela tipografia. Ao que tudo indica, essas placas haviam sido encaminhadas à Impressão Régia no Brasil.

A Tipografia

Ativa entre 1799 e 1801, em Lisboa, Portugal, a Tipografia do Arco do Cego foi dirigida pelo brasileiro José Mariano da Conceição Veloso (1741-1811), frei franciscano e naturalista, um dos mais importantes botânicos da época.

Além de ter publicado um número expressivo de livros, a editora funcionou como uma oficina para o aprendizado das artes tipográficas e da gravura. Com as técnicas mais modernas disponíveis na época, Frei Veloso publicou traduções de obras francesas e inglesas, principalmente de história natural aplicada, manuais de ensino de matemática, náutica e gravura, poesia e filosofia. O uso intensivo e didático de imagens era uma das marcas da editora.

A política editorial do Arco do Cego caracterizou um momento de transformação nas práticas portuguesas, que costumavam censurar tudo aquilo que pudesse fornecer às potências europeias informações sobre os produtos coloniais. Em 1800, Frei Veloso publicou trechos do livro ‘Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas’, do jesuíta Antonil (Giovanni Antonio Andreoni), que havia sido censurado em 1711, por conter informações sobre localização de riquezas e métodos de preparo do açúcar. Muitos outros títulos publicados pela editora dizem respeito direta ou indiretamente ao Brasil.
 

Sobre José Mariano da Conceição Veloso

Frei Veloso realizou expedições botânicas pelo Rio de Janeiro, entre 1782 e 1790, percorrendo a Serra do Mar em direção a Santos, passando pela Ilha Grande e por Paraty, chegando até a Serra de Paranapiacaba. Dessas viagens resultaram os manuscritos intitulados ‘Flora Fluminensis’ que, por razões desconhecidas, só foram publicados depois da sua morte, em 1831, quando já estavam desatualizados.

Veloso mudou-se para Lisboa em 1790. Apesar de sua longa prática em história natural, não havia seguido estudos formais e ficou à margem da Academia das Ciências de Lisboa. No entanto, homens como ele, nascidos no Brasil, foram peças-chave na realização da política de modernização de Portugal, iniciada já em meados do século XVIII pelo ministro Marquês de Pombal. Em 1809 voltou ao Rio de Janeiro, estabelecendo-se no Convento de Santo Antonio, onde faleceu em 1811.

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