3ª Jornada de Pesquisadores da Fundação Biblioteca Nacional

Programa Nacional de Apoio à Pesquisa, Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes, pesquisa, pesquisador, pesquisadora
Jornada de Pesquisadores da Fundação Biblioteca Nacional
Data: 
28/08/2017 a 30/08/2017
Período e horários: 
10h às 18h
Os bolsistas do Programa de Residência em Pesquisa na Biblioteca Nacional e pesquisadores da Instituição apresentam o resultado de seus trabalhos.

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3ª Jornada de Pesquisadores da Fundação Biblioteca Nacional
3ª Jornada de Pesquisadores da Fundação Biblioteca Nacional

28/8 – segunda-feira

10h às 10h30 – abertura

  • Maria Eduarda C. M. Marques, Presidente substituta da Fundação Biblioteca Nacional; coordenadora-geral do Centro de Cooperação e Difusão/FBN
  • Marcus Venicio Ribeiro, coordenador-geral do Centro de Pesquisa e Editoração/FBN

10h30 às 12h – conferência

  • Viola e violão em terras de São Sebastião
    Márcia Taborda
    Doutora em História Social, violonista e professora da Escola de Música, UFRJ; Residência em Pesquisa (2015)

13h30 às 15h30 – História, temporalidades e fronteiras

Mediadora: Maria José da Silva Fernandes, coordenadora-geral do Centro de Coleções e Serviços aos Leitores/FBN

  • Texto e monumentalidade no culto aos cinco mártires de Marrocos em Portugal: a narrativa do martírio como texto histórico na obra de frei Marcos de Lisboa.
    Marcelo Santiago Berriel
    , doutor em História, UFF; Residência em Pesquisa
    Apresentação acerca das narrativas da trajetória dos cinco mártires de Marrocos: frades franciscanos italianos que, no século XIII, saíram da Itália com destino ao Marrocos para pregar a mensagem cristã. Investiga-se como frei Marcos de Lisboa, cronista português da ordem franciscana, utilizou essas narrativas para elaborar uma monumentalidade a ser valorizada na história da ordem. A partir de análises centradas nos conceitos de texto e de memória, intenta-se analisar criticamente a concepção de discurso hagiográfico e compreender como frei Marcos construiu um texto histórico em suas Chronicas da Ordem dos Frades Menores do Seraphico Padre Sam Francisco, uma raridade do acervo da Biblioteca Nacional.
  • As trajetórias de vida e as relações com o corpo em crônicas franciscanas: o caso da obra de frei Marcos de Lisboa (século XVI).
    Sandro Aragão
    , graduando em Letras, Português/Literatura, UFRRJ; Apoio à Pesquisa
    Em todas as sociedades históricas, a concepção de corpo sofreu modificações ao longo do tempo. Com o corpo cristão medieval não foi diferente, pois, nos textos desse período, a relação com o corpo sempre foi um aspecto muito debatido e repleto de tensões. Esta pesquisa pretende analisar como o corpo está representado nas crônicas franciscanas, buscando, nos textos, aspectos simbólicos relacionados às concepções morais sobre ele. Mais especificamente, neste trabalho, há o intento de saber como se dá essa representação nas narrativas de frei Marcos de Lisboa, a saber: Primeira/segunda/terceira parte das Chronicas da Ordem dos Frades Menores do Seraphico Padre Sam Francisco (1566 - 1615).
  • Alonso Ortiz e suas prescrições para a princesa e rainha de Castela (século XV).
    Danielle Oliveira Mércuri
    , doutora em História, Unesp/Campus Franca; Apoio à Pesquisa
    Tendo em vista o papel significativo que as mulheres ganharam nas letras e nos jogos de poder em Castela no Quatrocentos, elas passaram a ser, de uma maneira mais regular, o mote e as destinatárias de textos confeccionados pelos nobres castelhanos. A Biblioteca Nacional tem em seu acervo uma cópia rara da primeira edição dos tratados do clérigo castelhano Alonso Ortiz. O Tratado de la herdida del rey e o Tratado consolatório a la princesa de Portugal apresentam, respectivamente, claras referências ao poder da rainha católica, d. Isabel, e às reações da monarca diante da ameaça à vida do rei Fernando, bem como à conduta que se esperava da princesa d. Isabel após a morte de seu marido (d. Afonso). Nessa comunicação, pretendemos discorrer sobre as motivações de Ortiz ao escrever esses tratados, seu posicionamento em relação a essas mulheres e os conselhos que preparou para elas.
  • Os descaminhos do ouro em pó nas Minas setecentistas: formas de controle e punição na primeira metade do século XVIII.
    Lincoln Marques dos Santos
    , doutorando em História, Unirio; Apoio à Pesquisa
    O projeto em questão analisa algumas das formas de ação da Coroa portuguesa no combate ao contrabando, especialmente o de ouro em pó, na capitania das Minas Gerais no início do século XVIII. Utilizamos como fontes os autos de confisco, sequestro e prisão, buscando evidenciar os critérios para a condução dos processos, os métodos utilizados, as ocupações, funções e relações pessoais dos acusados, assim como as penas aplicadas aos condenados. Um dos nossos objetivos é identificar um possível padrão para a execução das medidas de controle por parte da Coroa, assim como para a definição de aspectos centrais nas relações existentes entre esta e os espaços coloniais. As principais referências documentais da presente comunicação estão no acervo disponível na Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, onde há uma grande variedade de documentos sobre as Minas Gerais no século XVIII.
  • O leitor na perspectiva gramsciana.
    Leonardo Patrício de Barros, Graduando em Serviço Social, Uerj; Apoio à Pesquisa
    O presente trabalho discute o conceito de leitor na obra de Antonio Gramsci (1891-1937). As reflexões/anotações apresentadas aqui são produto de uma primeira aproximação com os escritos do autor, em especial a obra Os intelectuais e a organização da cultura, em que o pensador italiano define que “os leitores devem ser considerados [...] como elementos ideológicos, ‘transformáveis’ filosoficamente, capazes, dúcteis, maleáveis à transformação”. Explorando algumas das várias possibilidades do conceito, apresentaremos o estado atual dos estudos, indicando, ainda, perspectivas para as próximas etapas da pesquisa.

16h às 18h – Política e Cultura em periódicos nacionais e estrangeiros no acervo de Manuscritos

Mediadora: Maria Ione Caser da Costa, Coordenadoria de Publicações Seriadas/CCSL/FBN

  • O problema feminista e os imigrantes portugueses no Rio de Janeiro: Ana de Castro Osório no jornal Portugal Moderno.
    Eduardo da Cruz
    , doutor em Literatura Comparada, UFF; Apoio à Pesquisa
    O periódico Portugal Moderno (1899-1913), da colônia lusa no Rio de Janeiro, procurava manter a ficção nacionalista dos imigrantes em meio a uma sociedade que, apesar de culturalmente próxima, lhe era alheia. Ana de Castro Osório (1872-1935), escritora e feminista republicana, começa a escrever para essa folha em 1910 e intensifica a colaboração com sua vinda para o Brasil, onde reside de 1911 a 1914, alterando o perfil editorial do jornal por incluir as mulheres na discussão das questões nacionais. Pretendemos, nesta comunicação, apresentar um panorama dessa longa participação e discutir como seus textos contribuíam para a construção, na comunidade portuguesa no Brasil, de uma nova visão sobre Portugal.
  • Brasil e Argentina: tradução e adaptação e suas representações na cultura brasileira.
    Luísa Perissé Nunes da Silva
    , doutoranda em Estudos da Tradução, UFRJ; Apoio à Pesquisa
    Esta comunicação tem como objetivo principal analisar a circulação no Brasil do livro do escritor argentino Enrique Molina (1910-1997), Una sombra donde sueña Camila O’Gorman (1986), traduzido para o português brasileiro, e do filme argentino “Camila” (1986), da cineasta Maria Luisa Bemberg. Para tal, levantamos as referências ao livro e ao filme em jornais brasileiros da década de 1980 encontrados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Além disso, indagamo-nos em nossa pesquisa sobre o funcionamento do mercado editorial brasileiro na mesma década e a motivação da tradução do livro no Brasil, a partir da hipótese de que essa tradução tenha sido motivada pelo filme, indicado ao Oscar em 1985.
  • Homenagens póstumas a Lima Barreto nos registros de periódicos.
    Ana Cristina da Silva de Paula
    , pós-graduada (Lato Sensu) em História do Rio de Janeiro, UFF; coordenadoria de Publicações Seriadas/FBN
    A pesquisa levanta e analisa as homenagens feitas ao escritor carioca Afonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) publicadas nos jornais cariocas após a sua morte. O período abrange desde a morte do escritor até a década de 1950. A investigação baseia-se em jornais de grande circulação da época como o Jornal do Brasil e A Noite, todos disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira. Objetiva-se entender como Lima Barreto passou, depois de sua morte, a ser visto não mais como um escritor marginal, mas sim como uma das vozes mais importantes da literatura brasileira do início do século XX.
  • Estranhos no ninho: um panorama sobre os periódicos estrangeiros no acervo da Biblioteca Nacional.
    Raquel França dos Santos Ferreira
    , doutora em História, UFF; Coordenadoria de Publicações Seriadas/FBNA pesquisa investiga os caminhos que percorrem os periódicos estrangeiros
    no acervo da Coordenadoria de Publicações Seriadas da Fundação Biblioteca Nacional. O levantamento e a análise desses impressos têm origem na preocupação dessa Coordenadoria em observar e preservar um acervo que cresce diariamente, mas que, por força da prioridade da instituição em preservar (conservar, restaurar, microfilmar e até mesmo digitalizar) os periódicos nacionais, acaba relegado a último plano. Parte-se do cruzamento de informações como raridade da publicação, notoriedade do impresso e solicitações de consulta pública, de modo a identificar os periódicos estrangeiros mais procurados e, num futuro próximo, hierarquizar e iniciar a sua preservação e disponibilização em meio digital.
  • Brazil’s Popular Groups: uma coleção brasileira na Library of Congress.
    Rafaella Bettamio, doutoranda em História, Cpdoc/FGV; Centro de Pesquisa e Editoração/FBN
    Brazil’s Popular Groups (BPG) é uma coleção organizada pela Library of Congress que reúne materiais efêmeros como panfletos, pôsteres e folhetos diversos produzidos no Brasil por grupos populares (ou a eles relacionados), desde os anos 1960 até a atualidade. Entre esses grupos estão mulheres, índios, trabalhadores e afrodescendentes. A parte principal da coleção refere-se ao período entre 1966 e 1986, época de ditadura civil-militar no Brasil em que muitos desses grupos se opunham ao regime. Considerando o contexto histórico da criação da coleção, bem como as formas de coleta e organização utilizadas pela Library of Congress ao longo do tempo, a pesquisa se concentra em trazer um pouco da história da BPG para o centro do debate. O objetivo é refletir sobre a coleção Brazil’s Popular Groups, destacando-a não apenas como uma fonte de conhecimento sobre os movimentos populares brasileiros, mas como objeto de pesquisa. Evidencia-se que a coleção Brazil’s Popular Groups é um agente ativo em dois sentidos, exercendo, ao mesmo tempo, papel transformador para o seu colecionador, a Library of Congress, e para os materiais que reúne, modificando suas trajetórias e representações no tempo.

29/8 – terça-feira

10h às 12h – Cultura letrada nos séculos XVI e XVII

Mediadora: Ana Virginia Teixeira da Paz Pinheiro, Divisão de Obras Raras/CCSL/FBN

  • Uranófilo, o peregrino celeste. Pesquisa e tradução comentada da obra do padre Valentin Stansel (Olomuc 1621 - Salvador 1705).
    Carlos Ziller Camenietzki
    , doutor em Filosofia, Universidade de Paris IV, Sorbonne; Residência em Pesquisa
    A análise da obra Uranophilus caelestis peregrinus revela a excelência e a atualidade dos trabalhos astronômicos do jesuíta Valentin Stansel. Trata-se de ficção astronômica em que três personagens discutem as variadas teorias celestes da segunda metade do século XVII e as principais características da vida da cidade de Salvador naquele tempo. A obra mostra a atualização do autor em matéria astronômica e permite concluir que sua localização geográfica era mais uma vantagem que um problema para o desenvolvimento do seu trabalho. Mostra ainda sua integração ao esforço científico do tempo em todo o mundo. A forma literária adotada, um diálogo entre três personagens, lhe faculta o livre debate das propostas em circulação na sua época e permite ainda uma grande flexibilidade no tratamento das questões em exame.
  • Minúcias astrológicas nas sumas quinhentistas.
    Simone Ferreira Gomes de Almeida
    , doutora em História, Unesp/Campus de Franca; Apoio à Pesquisa
    O Sumario de las maravilhosas, y espantables cosas que en el mundo han acontescido […], publicado por um magistrado de Toledo, em 1524, apresenta diversas passagens sobre astrologia. Embora seja possível identificar um movimento já no século XVI que procurava separar a astronomia (ciência) da astrologia (prática supersticiosa), eram ainda muito frágeis as barreiras entre os saberes. Esta comunicação partirá das referências sobre a ciência das estrelas em sumários pertencentes ao arquivo da Biblioteca Nacional, discorrendo sobre a definição dessa ciência em escritos muito próprios dos ambientes de saber ibéricos do Quinhentos, ou seja, escritos que privilegiaram a filosofia natural e destacaram os saberes que contribuíram para o “melhor” aprimoramento do homem, ser virtuoso.
  • Catálogo dos autores seiscentistas da Biblioteca Nacional (com estudo retórico-poético).
    Maria do Socorro Fernandes de Carvalho
    , Doutora em Teoria e História Literária; Apoio à Pesquisa
    A Biblioteca Nacional do Brasil possui um eminente acervo de livros de poesia impressos no século XVII, mas muitos desses poetas luso-brasileiros permanecem desconhecidos do público leitor porque suas obras circulam pouco. Para contribuir para a visibilidade desse acervo, o projeto Catálogo dos autores seiscentistas da Biblioteca Nacional (com estudo retórico-poético) apresentará um estudo que explicará o funcionamento retórico dos poemas no âmbito das letras cultas circulantes entre Portugal e a América portuguesa; poemas que imbricam elementos retóricos, políticos, morais e teológicos, unificados nos vários gêneros de discursos cultos seiscentistas e que têm por base a interpretação de fontes primárias da poesia impressa num período letrado pouco compreendido no conjunto dos estudos literários em língua portuguesa.
  • A boca e a ordem: sátira e sociedade em Gregório de Matos.
    Lucas van Hombeeck
    , graduado em Direito, Uerj; Apoio à Pesquisa
    O que define a ordem social ocidental e brasileira no século XVII? Qual é o papel e o lugar da sátira nessa(s) sociedade(s)? A partir da obra do poeta Gregório de Matos, a pesquisa busca traçar a relação entre o gênero literário e o contexto numa perspectiva interdisciplinar entre a sociologia e a literatura. Para isso, a comunicação transitará entre a produção acadêmica sobre o Antigo Regime e a colônia brasileira nas ciências sociais e na crítica literária dos escritos satíricos do poeta baiano.

13h30 às 15h30 – Leitura e Política em um país em construção

Mediadora: Luciane Simões Medeiros, Chefe da Divisão de Manuscritos/CCSL/FBN

  • As redes de sociabilidade de Lima Barreto por meio da correspondência com Francisco Schettino (1918-1922).
    Magali Gouveia Engel
    , doutora em História, Unicamp; Residência em PesquisaEsta comunicação apresenta alguns resultados parciais da pesquisa
    intitulada Lima Barreto: trajetória intelectual e redes de sociabilidade (RJ, 1897-1922). Trata-se de investigar as principais relações que compunham as redes de sociabilidade de Lima Barreto por meio da análise da correspondência entre o escritor e Francisco Schettino. Filho do proprietário da Livraria Editora Schettino, onde se reuniam regularmente diversos literatos, Francisco foi um dos melhores amigos e incentivadores de Lima Barreto, tendo editado o seu Histórias e sonhos (1920). Nas cartas trocadas entre ambos, de 1918 a 1922, disponíveis no acervo de Manuscritos da Biblioteca Nacional, é possível identificar relações de amizade, apadrinhamento e/ou profissionais que desempenharam papel importante na consolidação da trajetória literária do escritor.
  • À meia-língua, uma maneira de falar sobre o africano em Lima Barreto.
    Débora Marinho Guerra
    , mestre em Letras, Uerj; Apoio à Pesquisa
    Lima Barreto pouco levava em consideração o africano no Brasil como estrangeiro, se levava. Ele tendia a considerar os africanos escravizados integrantes fundamentais da identidade nacional e encontrou neles um dos pilares para denunciar, por meio de cartas e, especialmente, contos, discriminações raciais e socioeconômicas. A partir dessas denúncias, busca-se investigar e construir a visão do escritor sobre o africano ou afro-brasileiro em cinco de seus contos e em uma carta em que menciona negros e mulatos. Para tanto, foram retirados do Jornal do Commercio, no período de 1827 a 1889, anúncios de escravos cujas características linguísticas os destacavam como estrangeiros. Elas servirão de parâmetro comparativo para a análise das características de personagens afros do autor à luz de Magali Engel, Manuela da Cunha, Ivana Lima, entre outros estudiosos.
  • Intercâmbio de ideias: Arthur Ramos e intelectuais das Américas sobre a questão cultural negra (1930-1949).
    Heloísa Maria Teixeira
    , doutora em História, USP; Apoio à Pesquisa
    Analisamos a correspondência entre Arthur Ramos e intelectuais estrangeiros e nacionais no período de 1930 a 1949, época de sistematização dos estudos afro-americanos nas Américas. Esta análise preliminar das cartas entre Ramos e seus pares revela-nos um intercâmbio com trocas de materiais bibliográficos, pesquisas, pareceres e divulgação das produções dos estudiosos da história e cultura afro-americanas, circulação de ideias esta que influenciou o crescimento de pesquisas acadêmicas acerca da identidade africana no Brasil. As fontes mostram, ainda, as questões políticas em torno do racismo nas sociedades americanas.
  • História e memória: Domício da Gama no tempo e o tempo em Domício da Gama.
    Tereza Cristina Nascimento França
    , doutora em Relações Internacionais, UnB; Residência em Pesquisa
    Domício da Gama, pseudônimo de Domício Afonso Forneiro (1862-1925), escritor, membro fundador da ABL e diplomata, viveu também em França, Peru, Argentina, Estados Unidos e Inglaterra. Como diplomata, criou uma linha de pensamento importante para a política externa brasileira, mas não desenvolvida no Itamaraty pós-barão do Rio Branco. Como escritor, foi considerado por Sílvio Romero “de altura acima do comum”. Este projeto pretende fazer uma biografia desse brasileiro, tendo por base documentos existentes em coleções da Divisão de Manuscritos e diversos títulos de periódicos da Biblioteca Nacional. Trata-se de revelar a trajetória de um homem zeloso com tudo que envolvesse o Brasil e que deixou um legado de ideais, pensamentos e comportamentos que merece ser resgatado para as gerações futuras. Quanto à metodologia inspiramo-nos no “paradigma indiciário de Carlo Ginzburg” e em teorizações sobre o tempo de Fernand Braudel. Doutor em Comunicação, UFF; Centro de Pesquisa e Editoração/FBN
  • Vida e pensamento de Domício da Gama.
    Maria Teresa dos Santos Monteiro, graduanda em Letras, UFRRJ; Apoio à Pesquisa
    Domício da Gama, diplomata, jornalista e escritor brasileiro, deixou um legado de amor à pátria por onde passou, construindo uma carreira pautada em sincero nacionalismo e buscando representar o Brasil com honestidade, firmeza e zelo. A proposta do projeto biográfico “Vida e pensamento de Domício da Gama”, de autoria da doutora Tereza Cristina Nascimento França, minha orientadora, pretende resgatar para as futuras gerações essa honrosa figura que, em diversas situações, em nome do Brasil, não se deixou levar por interesses ilegítimos. O meu trabalho neste projeto consiste em
    auxiliá-la na construção da biografia de Domício da Gama, levantando dados sobre sua atuação no período de 1919 a 1925 em jornais, revistas, documentos referentes à Liga das Nações etc.

16h às 18h – Belle-époque e modernidade no Brasil

Mediadora: Maria Dulce de Faria, Divisão de Cartografi a/CCSL/FBN

  • O enterro da discórdia: notas sobre consumo cinematográfico na Belle Époque carioca.
    Pedro Vinicius Asterito Lapera
    , doutor em Comunicação, UFF; Centro de Pesquisa e Editoração/FBN
    Esta comunicação pretende analisar a formação de uma cultura de classe média no Rio de Janeiro do início do século XX, considerando as práticas em torno do consumo cinematográfico. Tendo como foco um protesto de estudantes universitários contra um exibidor cinematográfico, lançamos como questão principal: em que medida a realização de um protesto contra o proprietário de um cinematógrafo revela fontes de tensão entre os exibidores cinematográficos e o público?
  • Os circuitos musicais da Belle Époque carioca.
    Mónica Vermes
    , doutora em Comunicação e Semiótica, PUC-SP; Apoio à Pesquisa
    O Rio de Janeiro do início do século XX era palco de uma atividade musical fervilhante e variada. Tais atividades tinham lugar em vários espaços: teatros, clubes, residências, salões, cinemas e nas ruas, e o repertório musical incluía óperas italianas, modinhas, lundus, música de câmara, maxixes, sambas, música sinfônica pautada nos moldes centro-europeus dos séculos XVIII e XIX, além de vários gêneros de teatro musical. A movimentação das pessoas pela cidade e o trânsito dos repertórios para além de seus espaços de origem ou destinos preferenciais tornam essa teia musical complexa e interessante. A apreensão dessa totalidade exige um tratamento que leve em consideração sua polifonia e demanda recortes precisos que a tornem abordável. Nossa exposição será centrada na representação dessa vida musical no jornal O Paiz, do acervo da Hemeroteca Digital Brasileira.
  • Fotografia e biografia: a representação visual do craque de futebol no álbum de Marcos Carneiro de Mendonça (1910-1918).
    Diana Mendes Machado da Silva
    , doutoranda em História Social, USP; Apoio à Pesquisa
    Compreender o processo de construção da celebridade de futebol (o craque) e sua centralidade no imaginário esportivo da primeira metade do século XX é o objetivo deste artigo. Buscando iluminar parte desse processo, serão analisadas imagens verbais (textos) e visuais (fotografias) presentes no álbum de memórias produzido pelo goleiro Marcos Carneiro de Mendonça (1894-1988). O discurso visual e autobiográfico que organiza o álbum (1910-1918) revela não apenas as possibilidades de representação e autorrepresentação disponíveis ao jogador oriundo dos segmentos sociais elitizados, mas também como o futebol integrou e alterou essas possibilidades de representação.
  • Cateretê nº 5 para sanfona e violão: a disputa pela fundação da modernidade literária nos periódicos.
    Irineu E. Jones Corrêa, doutor em Letras, UFRJ; Centro de Pesquisa e Editoração/FBN; Maria Ione Caser da Costa, mestre em Biblioteconomia, Unirio; Coordenadoria de Publicações Seriadas/FBN
    O tema desta apresentação é a disputa pela primazia do discurso da modernidade no campo literário brasileiro. Os estudos literários tradicionais consagram a Semana de Arte Moderna de 22 como a marca fundadora da modernidade, situação avalizada muito especialmente pelos discursos dos principais nomes do movimento modernista. Entretanto, as ferramentas proporcionadas pela Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional têm aberto possibilidade de acesso a informações esquecidas sobre o acirrado debate ocorrido na época. Exemplar é o artigo publicado por Tasso da Silveira (1895-1968), na Revista Festa (jun. 1928), contrapondo-se a comentários de Mário de Andrade, numa réplica que informa e defende produções com características modernas antes do momento consagrado como tal. Os fundamentos teóricos da pesquisa estão no conceito de campo de Pierre Bourdieu e nos trabalhos sobre discurso de Dominique Maingueneau.
  • Arquivos pessoais e novas fontes de pesquisa: o Arquivo Alair Gomes na Biblioteca Nacional.
    Lorrane Sezinando, arquivista, mestre em Gestão de Documentos e Arquivos, Unirio; Divisão de Iconografia/FBN, Luciana Muniz, historiadora, mestre em Sociologia, Iuperj; Divisão de Iconografia/FBN
    A obra de Alair Gomes está sob a guarda da Divisão de Iconografia da Fundação Biblioteca Nacional. O acervo é um arquivo pessoal produzido intencionalmente pelo pensador e fotógrafo. Os documentos, fotografias, manuscritos, efêmeros e correspondência se organizam em recortes temáticos, fruto da atuação acadêmica e artística de seu titular. A historiografia vem modificando a sua prática de pesquisa e reflexão teórica frente aos arquivos pessoais. As novas fontes primárias, além de apresentar e autenticar a vida de seus titulares, ampliam a nossa visão acerca da sociologia das coleções documentais sob a guarda de instituições públicas de memória. Apresentamos aqui alguns aspectos do processo de pesquisa, descobertas e desafios do Arquivo Alair Gomes na Biblioteca Nacional, entre a escrita de si e da história.

30/8 – quarta-feira

10h às 13h – Acervos e catálogos: usos e formas de disseminação da informação

Mediador: Rutônio Jorge Fernandes de Sant’Anna, Divisão de Obras Gerais/CCSL/FBN

  • Um desafio através de continentes: o caso da pesquisa em manuscritos sobre a historiografia brasileira colonial.
    Katia Jane de Souza Machado
    , doutora em História Cultural e Literatura e Comunicação, Universidade Carlos III de Madrid; Coordenadoria de Acervos Especiais/FBN
    Esta comunicação trata de um projeto pioneiro e audacioso, o Projeto Resgate Barão do Rio Branco, desenvolvido, desde 1983, pelo Ministério da Cultura, cuja finalidade é levantar a documentação histórica existente no exterior sobre o Brasil Colonial. Apresentaremos o histórico do projeto e os momentos humanísticos de um pesquisador, desde o primeiro instante da investigação, passando pelos trâmites institucionais, a metodologia e seus vários percalços.
  • Acervo afro-brasileiro da BN Digital: disseminação e reúso de coleções iconográficas.
    Aquiles Alencar Brayner, doutor em Literatura, curador digital na British Library; Residência em Pesquisa
    O projeto tem como objetivo a análise dos conceitos, metodologias e modelos emergentes na área de Curadoria Digital que dão suporte aos processos de criação, disseminação, acesso e reúso de acervos eletrônicos em instituições de memória cultural. No seu aspecto prático, o projeto visa a ampliar a descoberta e a criação de um acervo de imagens referentes à cultura e história afro-brasileiras que se encontram disponibilizadas na BNDigital. As imagens, uma vez identificadas, serão publicadas em plataformas de acesso aberto, como o Flicker e a Wikimedia Commons, com o objetivo de disseminar o acervo da Biblioteca Nacional e fomentar a participação pública na descrição, interação e reapropriação desses conteúdos, possibilitando novas leituras e interpretações, por diferentes grupos de usuários, do acervo iconográfico afro-brasileiro disponível na BNDigital.
  • “Cultura” e “identidade” como projetos e processos.
    Alexandre de Bastos Pereira, Graduando em Ciências Sociais, UFRJ; Apoio à Pesquisa
    Assumindo que existe uma tensão entre afirmação de alteridades e o risco de reificação, tomo esta tensão em um sentido positivo. Se a tensão se faz presente, podemos entrever melhor os riscos de negar alteridades e, ao mesmo tempo, reificar culturas e identidades. Dessa maneira, procuro observar os processos identitários pela ótica de projetos e processos, trazendo a possibilidade de perceber melhor a característica dinâmica dessas categorias e, também, como ambas são produzidas em contextos diversos e por diferentes atores. Essas reflexões se tornaram imprescindíveis quando da seleção de imagens, entre as milhares do acervo digital da Biblioteca Nacional, para a composição do acervo digital iconográfico de cultura afro-brasileira da Biblioteca Nacional.
  • O Catálogo de Panizzi e suas repercussões na história da biblioteconomia e da catalogação no Brasil e no mundo.
    Gabriela Bazan Pedrão, Doutoranda em Ciência da Informação, Unesp/Marília; Apoio à Pesquisa
    Ao longo de sua história, a humanidade tentou das mais diversas formas organizar sua produção intelectual. Passamos de formas bastante rudimentares, como as tábuas de argila com etiquetas dos sumérios, até maneiras mais sofisticadas, como os métodos alfabéticos, mas nenhum desses métodos era completamente satisfatório. No entanto, o século XIX viu uma revolução: o Catálogo de Panizzi, criado em 1841 com o objetivo de organizar o acervo da Biblioteca do Museu Britânico. As 91 regras de classificação elaboradas por Anthony Panizzi e seus assistentes eram tão eficientes que diversas bibliotecas no mundo todo também passaram a aplicá-las. Nossa proposta é investigar se houve ou não influência desse catálogo na organização do acervo da Biblioteca Nacional do Brasil.
  • A Biblioteca Nacional na crônica da cidade: os funcionários e seu cotidiano.
    Lia Ramos Jordão
    , Historiadora; Centro de Pesquisa e Editoração/FBN
    Esta comunicação apresenta, como parte dos resultados do projeto de pesquisa A Biblioteca Nacional na crônica da cidade, um panorama sobre o tema intitulado O trabalho, no qual é explorada a figura do funcionário da Biblioteca Nacional em diversas perspectivas: a construção da imagem do “bibliotecário ideal” e o debate sobre as qualidades necessárias para o exercício do cargo máximo da instituição; os diversos perfis de funcionários e formas de admissão; o papel desses trabalhadores no ordenamento institucional e do acervo, e, por fim, pequenas notas biográficas e anedotas ocorridas dentro ou fora da Biblioteca Nacional. O projeto, desenvolvido em parceria com o historiador Iuri Lapa, recolheu e organizou diversas representações sobre a Biblioteca Nacional presentes na literatura nacional, em crônicas cotidianas e de “viajantes”, em registros variados de periódicos e iconografia, e resultará na publicação de um livro, em dois volumes.
  • A morte vive na Biblioteca Nacional: estratégias singulares de transcender a finitude da vida.
    Iuri A. Lapa e Silva, doutorando em História, Política e Bens Culturais, Cpdoc, FGV; Centro de Pesquisa e Editoração/FBN
    Apresento aqui uma parte da pesquisa feita para a preparação do livro A Biblioteca Nacional na crônica da cidade, a ser publicado este ano. O recorte escolhido se centra naquilo que chamo de estratégias de “perpetuação” da vida utilizadas por várias pessoas a partir de uma interpretação específica da missão da BN: um lugar destinado a armazenar de forma perene a passagem fugaz de indivíduos pelo mundo. Para fundamentar meu argumento, recorro a diversas fontes: correspondências solicitando a inclusão de certas obras ou coleções no acervo da Biblioteca por ocasião de falecimentos; crônicas em que se explicita a percepção da instituição enquanto um depósito de vidas passadas; a compreensão dos responsáveis pela BN a respeito da missão perene da instituição manifestada em textos variados etc. Ao final, pretendo demonstrar que as bibliotecas nacionais se apresentam como uma instituição singular dentro da configuração dos estados modernos por se tratarem de casas de memória por excelência.
Local

Auditório Machado de Assis

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