Que lugar pode abrigar os materiais para esta especulação senão uma biblioteca, ou melhor, a biblioteca da cidade, cujo passado é uma coleção de futuros possíveis? Desde a sua criação, em 1810, a Biblioteca Nacional acumula dois traços que lhe são indeléveis: instituição permanente do Estado e do povo brasileiros; instituição fixada na vida da cidade do Rio de Janeiro. É este último aspecto que, neste momento, deve ser ressaltado: como imaginar a história da Biblioteca Nacional sem incorporar, em suas identidades básicas, a presença da cidade que a contém? Ao mesmo tempo, como pensar a cidade, sua memória e seus futuros possíveis, sem o que aqui se guarda? Tal ordem de questões esteve presente na escolha do recorte adotado: mostrar o Rio de Janeiro na – ou da – Biblioteca Nacional. E como os atos de mostrar nunca são inocentes, sobretudo quando lidam com o tempo, a exibição de fragmentos do que foi esta cidade traz consigo o convite a imaginar como poderia ter sido e como será.