Acervo de Manuscritos exibe peças raras que remontam à Real Biblioteca portuguesa

Data: 
25/04/2018 a 08/06/2018
Período e horários: 
segunda a sexta-feira, das 10h às 18h
Até o dia 8 de junho, o Acervo de Manuscritos da Biblioteca Nacional (BN) mantém exposição com documentos originais da Real Biblioteca, que foi reconstituída pelo monarca português, D. José I, após trágico terremoto que arrasou a cidade de Lisboa em 1755. As peças exibidas ao público são anteriores à transferência do acervo da Real Biblioteca para o Brasil, que ocorreu ao longo dos anos de 1810 e 1811.

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Maio de 2018 - Vitrine com documentos em exposição no Acervo de Manuscritos da Biblioteca Nacional.
Maio de 2018 - Vitrine com documentos em exposição no Acervo de Manuscritos da Biblioteca Nacional.

Dia de Todos os Santos, 1º de novembro de 1755. Naquela manhã, a população de Lisboa se reunia em igrejas, cumprindo ritos de acender velas e rezar. Em torno das 9 horas, a terra começou a tremer. Em seguida, a cidade foi tomada pelas chamas e castigada por intenso maremoto. O fogo ardeu por cinco dias e nem as ondas de cerca de dez metros foram suficientes para apagá-lo. Aproximadamente 85% das construções foram destruídas.

Relação histórica do terremoto sucedido em [Lisboa] em [primeiro] de novembro de 1755 [...], com uma relação da perda de homens, igrejas, [conventos], palácios ... Haya, 1755. Nota: Relato anônimo das perdas provocadas pelo terremoto de 1755 em Portugal. Presume-se que o autor era ligado ao governo português.

A famosa “livraria”, como era chamada a biblioteca dos reis, e que remontava ao século XIV, era composta por dois acervos: o da Livraria do Rei e o da Casa do Infantado, sendo esta última exclusiva para uso dos príncipes. Com a tragédia de Lisboa, pouco restou dela, mas D. José I empenhou-se em refazê-la. Para isso, empenhou-se em incrementar os acervos por meio de compras, doações e incorporações. A biblioteca, antes no Paço da Ribeira, foi reinstalada no Palácio da Ajuda. Entre as principais aquisições encontram-se:

  • mais de cinco mil volumes doados entre os anos de 1770 e 1773 pelo abade de Santo Adrião de Sever, Diogo Barbosa Machado;
  • estampas preciosas, códices e manuscritos doados pelo artista inglês Guglielmo Dugood em 1773;
  • incorporação do acervo expropriado dos jesuítas, quando expulsos de Portugal e suas colônias em 1759, pelo Marquês de Pombal, Primeiro-Ministro de D. José I;
  • doação de livros em 1779, de Bartholomé Ulloa, importante livreiro em Madri.

A Mesa Censória, responsável na época pela censura de publicações, também influenciou na seleção do acervo da nova Real Biblioteca. Seu rigor atingiu autores como Voltaire e Rousseau, que tiveram suas obras queimadas em praça pública, por serem consideradas de conteúdos depravados ou escandalosos.

Ao longo dos anos, somaram-se novas coleções e documentos e, quando D. João veio para o Brasil em 1808, a biblioteca já contava com cerca de sessenta mil peças. A transferência, entretanto, acabou acontecendo mais tarde, em três viagens realizadas nos anos de 1810 e 1811. Esses documentos constituem o núcleo da atual Biblioteca Nacional.

Com cerca de 1.000.000 de peças, o Acervo de Manuscritos contém uma parte relevante da Real Biblioteca, o núcleo formador da BN, e continua a receber novas coleções e documentos.

Informações complementares: 
Entrada franca
Localização

Manuscritos

Fundação Biblioteca Nacional Av. Rio Branco 219 3º andar Rio de Janeiro, RJ 20040-008
+55 (21) 3095-3980 +55 (21) 3095-3981 +55 (21) 2220-1643
E-mail
Caderno de desenho de várias construções de navio com carimbo da Real Biblioteca do Infantado.
Correspondência entre o Marquês de Angeja, Pedro José de Noronha, dirigente do Real Erário (1780) e Feliciano Marques Perdigão, copista e guarda da Livraria do Paço, sobre avaiação e transferência da Livraria dos Jesuítas para a Real Biblioteca.
Maio de 2018 - Vitrine com documentos em exposição no Acervo de Manuscritos da Biblioteca Nacional.