Dia de Todos os Santos, 1º de novembro de 1755. Naquela manhã, a população de Lisboa se reunia em igrejas, cumprindo ritos de acender velas e rezar. Em torno das 9 horas, a terra começou a tremer. Em seguida, a cidade foi tomada pelas chamas e castigada por intenso maremoto. O fogo ardeu por cinco dias e nem as ondas de cerca de dez metros foram suficientes para apagá-lo. Aproximadamente 85% das construções foram destruídas.
Relação histórica do terremoto sucedido em [Lisboa] em [primeiro] de novembro de 1755 [...], com uma relação da perda de homens, igrejas, [conventos], palácios ... Haya, 1755. Nota: Relato anônimo das perdas provocadas pelo terremoto de 1755 em Portugal. Presume-se que o autor era ligado ao governo português.
A famosa “livraria”, como era chamada a biblioteca dos reis, e que remontava ao século XIV, era composta por dois acervos: o da Livraria do Rei e o da Casa do Infantado, sendo esta última exclusiva para uso dos príncipes. Com a tragédia de Lisboa, pouco restou dela, mas D. José I empenhou-se em refazê-la. Para isso, empenhou-se em incrementar os acervos por meio de compras, doações e incorporações. A biblioteca, antes no Paço da Ribeira, foi reinstalada no Palácio da Ajuda. Entre as principais aquisições encontram-se:
- mais de cinco mil volumes doados entre os anos de 1770 e 1773 pelo abade de Santo Adrião de Sever, Diogo Barbosa Machado;
- estampas preciosas, códices e manuscritos doados pelo artista inglês Guglielmo Dugood em 1773;
- incorporação do acervo expropriado dos jesuítas, quando expulsos de Portugal e suas colônias em 1759, pelo Marquês de Pombal, Primeiro-Ministro de D. José I;
- doação de livros em 1779, de Bartholomé Ulloa, importante livreiro em Madri.
A Mesa Censória, responsável na época pela censura de publicações, também influenciou na seleção do acervo da nova Real Biblioteca. Seu rigor atingiu autores como Voltaire e Rousseau, que tiveram suas obras queimadas em praça pública, por serem consideradas de conteúdos depravados ou escandalosos.
Ao longo dos anos, somaram-se novas coleções e documentos e, quando D. João veio para o Brasil em 1808, a biblioteca já contava com cerca de sessenta mil peças. A transferência, entretanto, acabou acontecendo mais tarde, em três viagens realizadas nos anos de 1810 e 1811. Esses documentos constituem o núcleo da atual Biblioteca Nacional.
Com cerca de 1.000.000 de peças, o Acervo de Manuscritos contém uma parte relevante da Real Biblioteca, o núcleo formador da BN, e continua a receber novas coleções e documentos.