Maria da Luz Pinheiro de Cristo e a produção intelectual no Brasil Colonial

terça-feira, 24 de março de 2015.
Perfil
Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes, História do Brasil, BNDigital, Hemeroteca Digital, pesquisa e editoração
O projeto “Academias Literárias e História do Brasil nos séculos XVI a XVIII” analisa o movimento academicista no Brasil Colonial a partir das coleções de documentos pertencentes ao acervo da Fundação Biblioteca Nacional, procurando ambiguidades entre os desejos da Coroa portuguesa e uma identidade brasileira em formação.

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Pesquisadora Maria Luz no saguão da Biblioteca Nacional
Pesquisadora Maria Luz no saguão da Biblioteca Nacional

Desenvolvido por Maria da Luz Pinheiro de Cristo, pesquisadora do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes da Fundação Biblioteca Nacional (PNAP-R), o trabalho se concentra sobre a produção acadêmica durante o período colonial brasileiro, precisamente nos séculos XVI a XVIII. A análise da produção intelectual da época busca traços ambíguos em torno das diferentes visões sobre a chamada América portuguesa: embora as academias estivessem vinculadas à Coroa, reproduzindo seus discursos históricos e literários, também transpareciam indícios da formação de uma identidade brasileira, que se pode depreender pela análise dos trabalhos realizados à época.

“O Brasil-colônia é uma parte da Coroa Portuguesa, tanto que os que aqui nasciam eram considerados portugueses americanos. No momento da criação das Academias, o que se quer é estabelecer uma relação de pertencimento em relação a Portugal. No entanto, esses intelectuais estavam no Brasil, viviam na colônia em meio a uma realidade cultural que incluía índios, negros e portugueses. A ideia da pesquisa é, a partir da produção intelectual dessas Academias, analisar os elementos que mostram uma relação ambígua entre os desejos da Coroa portuguesa em contraposição à realidade local, que impunha questões próprias à colônia. Em resumo, a pesquisa investiga a produção dos acadêmicos em um momento ambíguo: sem ser genuinamente brasileira – porque estava associada aos modelos portugueses –, talvez contenha traços ou indícios de uma identidade local (de uma realidade) que começava a se formar. São esses traços e indícios que eu busco nos documentos do acervo da BN”, explica a pesquisadora.

Maria da Luz Pinheiro de Cristo é formada em História pela Universidade Federal do Amazonas. Na Universidade de São Paulo, defendeu teses de mestrado, em Língua e Literatura Francesa, e de doutorado, em Teoria Literária e Literatura Comparada sob orientação do professor Philippe Willemart. Atua principalmente nos campos da crítica genética, manuscritos, memória, história e sua relação com a literatura.