Poemas de Drummond ilustram mais uma palestra sobre literatura carioca

segunda-feira, 16 de novembro de 2015.
Evento
Registros, literatura, literatura brasileira, poesia, Carlos Drummond de Andrade
O professor e poeta Antonio Carlos Secchin proferiu, no último dia 12, a conferência “As Ruas de Drummond”, como parte do ciclo Construtores da Literatura Carioca, que vem sendo realizado desde setembro no auditório Machado de Assis.

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Da esquerda para a direita, Renato Lessa, Antonio Carlos Secchin e Ricardo Cravo Albin.
Da esquerda para a direita, Renato Lessa, Antonio Carlos Secchin e Ricardo Cravo Albin.

Na abertura do evento, Renato Lessa, presidente da Biblioteca Nacional (BN) destacou a afinidade do poeta mineiro com a cidade do Rio de Janeiro, onde morou por quatro décadas. Ricardo Cravo Albin, presidente da Academia Carioca de Letras (ACL), parceira da BN na organização do evento, disse que considera que “dos 12 maiores escritores cariocas, talvez Drummond seja o mais reconhecido, junto com Machado de Assis”.

Ao iniciar sua fala, Secchin agradeceu a presença, na plateia, de vários acadêmicos, como a ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) Nélida Piñon e outros.

O tema da conferência foram dois poemas de Drummond: “Canção Amiga” e “Paredão”. A partir da leitura das peças, Secchin analisou o significado de cada verso. Ele apontou o contraste entre a primeira obra, que se utiliza de recursos semânticos e sintáticos para representar a amizade com imagens que remetem a um diamante lapidado (“valor, limpidez e transparência”), e a segunda, que retrata o confinamento proporcionado pelo paredão do título, simbolizando as memórias de infância do poeta. Para fundamentar sua análise, Secchin apresentou o conceito de isomorfia, ou seja, a correspondência entre forma e sentido. “Nos dois casos, a materialidade dos versos dialoga com aquilo que o poema está declarando”, explicou.

Ao responder as perguntas da plateia, o conferencista lembrou de uma viagem que fez a Itabira, terra natal de Drummond, onde conheceu as raízes do poeta. “Ao contrário da atmosfera soturna do poema ‘Paredão’, encontrei uma cidade muito acolhedora, vi árvores centenárias e comi frutas tataranetas daquelas que Drummond comeu”, contou.

Pedro Drummond, neto e herdeiro do poeta, acompanhou a palestra na plateia do Auditório Machado de Assis.

Ao final do encontro, Cravo Albin convidou a todos para mais uma edição do Fórum Carioca de Cultura, no dia 16 de novembro às 17h30, com um debate entre o acadêmico Domício Proença Filho e o compositor Haroldo Costa. O evento será realizado na sede da ACL, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro.