Lessa fez o discurso de abertura, saudando a criação do projeto como um reencontro histórico entre as duas instituições. O presidente da Biblioteca Nacional lembrou que a Biblioteca Nacional do Brasil tem suas raízes na Real Biblioteca de Portugal, que foi trazida por Dom João VI quando do deslocamento da família real portuguesa para o Brasil, por ocasião da ocupação de Portugal pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte. Renato Lessa lembrou ainda que o acordo de independência do Brasil, o Tratado de Paz e Aliança, celebrado em 1825 após intensas negociações entre os dois países, mediadas pela Inglaterra, estabeleceu que esse acervo de inestimável valor permanecesse no Brasil.
Nada mais simbólico, portanto, que o projeto da Biblioteca Digital Luso-Brasileira, que reata esses laços históricos e estabelece uma parceria duradoura com grande potencial de ampliação, pela incorporação de mais obras e de outros acervos. Citou como exemplo a aproximação recente com a Biblioteca Nacional de Moçambique, com a qual a Biblioteca Nacional assinou acordo de cooperação técnica recentemente.
Em seguida, o Cônsul Geral de Portugal, Nuno Bello, tomou a palavra para saudar a iniciativa entre as duas instituições e ler carta da presidente da diretora-geral da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Maria Inês Cordeiro, que não pôde participar da solenidade. A mensagem celebra a criação do acervo digital comum como uma etapa de aproximação entre os dois países: “a internet contrapõe-se, hoje, à distância com que um largo mar, durante séculos, nos separou. Com os meios tecnológicos, estamos mais próximos, tão próximos quanto uma comunidade cultural, com toda a sua diversidade, o pode ser.”
Ângela Bettencourt, coordenadora da Biblioteca Nacional Digital, apresentou o projeto BDLB, explicando que logo em sua abertura, o portal já reúne metadados de uma rede que integra dezenas de instituições culturais nos dois países. O projeto já nasce com um respeitável conjunto de aproximadamente dois milhões de referências.
Por fim, Vinicius Pontes Martins, que integra a equipe técnica da Biblioteca Nacional brasileira, realizou a navegação no sítio eletrônico da BDLB e mostrou que, ao invés de incorporar uma cópia em meio digital dos objetos digitais dessas instituições, a ferramenta funciona como uma espécie de bússola que agrega os metadados dos documentos hospedados em cada um dos repositórios mantidos por essas instituições, remetendo os usuários para o ambiente digital em que estão armazenados. Para fins de demonstração, Vinícius realizou uma busca por Os Lusíadas, de Luis de Camões. A busca retornou quase 7 mil resultados, indicando versões digitalizadas da obra em diversos acervos diferentes, gravuras relacionadas à obra e toda uma rica variedade de documentos de alguma maneira relacionados a Os Lusíadas.