Em um primeiro momento, busca realizar um mapeamento amplo e minucioso do cenário dramático no Brasil do século XIX pelo levantamento quantitativo dos registros das obras dramáticas disponíveis e em circulação no país ao longo desse período. Para tanto, Paulo Maciel está percorrendo diversos acervos da Biblioteca Nacional, incluindo Obras Raras, Obras Gerais, Referência e Manuscritos, levantamento que já permitiu identificar mais de 2 mil referências. O objeto do levantamento não se limita apenas aos textos editados em português, mas também aqueles em outros idiomas. De acordo com o pesquisador, “a pesquisa procura identificar a estante dramática que estava ao alcance dos autores, atores, empresários, e demais públicos, especializados ou não, ou seja, a cultura dramática ao alcance da mão”.
Após completar esse ambicioso levantamento, Paulo Maciel vai passar à análise de todo o material reunido, gerando gráficos e análises que permitam identificar, entre outros, autores mais editados, títulos recorrentes e gêneros mais populares, incluindo agrupamentos por década que permitam identificar tendências que possam colocar à prova determinados conceitos da historiografia tradicional, ou seja, “mapear a memória dramática e, a partir dela, pensar as historiografias”. Ele cita um exemplo: “o final do século XIX é considerado por historiadores especializados como um período de decadência do Teatro brasileiro pela predominância de gêneros ligeiros em detrimento de outros como o drama e a tragédia, considerados de maior densidade estética ou carga literária. Mas será que essa afirmação se sustenta após uma análise minuciosa, ou essa ideia foi simplesmente cristalizada?”
A segunda etapa da pesquisa parte dos resultados e ‘surpresas’ encontrados ao longo da primeira fase, pela identificação de tendências e insights interessantes em títulos de grande repercussão, autores de maior proeminência e gêneros que alcançaram maior penetração editorial. O pesquisador esclarece que “não é possível dizer, a princípio, qual será o resultado: o mapeamento vai indicar os caminhos a serem trilhados aqui”.
Paulo Marcos Cardoso Maciel é pesquisador residente da Biblioteca Nacional e professor do Departamento de Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); possui pós-doutorado em Teoria e História do Teatro, especialmente, brasileiro; é doutor e mestre em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); também é graduado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).