Maria do Socorro e a produção do Catálogo dos autores seiscentistas da Biblioteca Nacional

terça-feira, 19 de setembro de 2017.
Perfil
literatura, Portugal, poesia, literatura brasileira
A Biblioteca Nacional do Brasil possui um notável acervo em livros de poesia impressos no século XVII em Portugal. Muitos dos poetas luso-brasileiros, contudo, permanecem desconhecidos do público leitor porque suas obras circulam muito pouco no Brasil, mesmo entre os estudiosos de Letras. Para ampliar a visibilidade desse acervo, está em andamento o projeto ‘Catálogo dos autores seiscentistas da Biblioteca Nacional (com estudo retórico-poético)’ – conduzido pela professora e pesquisadora Maria do Socorro Fernandes de Carvalho, bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa –, que prevê a preparação de um catálogo da poesia publicada em livro ao longo do século XVII, tanto por poetas portugueses quanto brasileiros.

cobertura-3811-maria-socorro-producao-catalogo-autores.jpg

A pesquisadora Maria do Socorro, bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa, Edição 2016.
A pesquisadora Maria do Socorro, bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa, Edição 2016.

Em 2004, a Biblioteca Nacional publicou a segunda edição do seu Catálogo dos quinhentistas portugueses da Biblioteca Nacional. Agora, a pesquisa de Maria do Socorro concentra-se nos autores seiscentistas e inclui um estudo sobre o funcionamento retórico das composições poéticas no âmbito das letras cultas circulantes entre Lisboa e Coimbra e na América portuguesa. A produção letrada de textos escritos nas possessões ultramarinas, sabe-se, era orientada e instruída pelas mesmas autoridades do discurso que servia de modelo aos autores europeus, os quais estudavam em colégios jesuítas ou em universidades católicas em Portugal, Itália, França ou Espanha. As letras escritas no contexto da Europa católica do Antigo Estado político apresentam formulação em que estão imbricados elementos retóricos, políticos, morais e teológicos, unificados nos vários gêneros de discursos cultos dos séculos XVI, XVII e XVIII.

O estudo está sendo realizado a partir da leitura do acervo impresso de poesia seiscentista luso-brasileira da Biblioteca Nacional e, quanto à inserção teórica e historiográfica dos autores, pela interpretação das obras e de artes poéticas e retóricas, diálogos, tratados, cartas e demais fontes seiscentistas que tratavam do conceito de poesia e suas relações com os demais gêneros discursivos. Ou seja, a pesquisa tem por base a leitura e interpretação de fontes primárias da poesia impressa num período letrado pouco estudado e pouco compreendido no conjunto dos estudos literários em língua portuguesa.

O projeto Catálogo dos autores seiscentistas da Biblioteca Nacional (com estudo retórico-poético) pretende ser uma ferramenta útil ao pesquisador ou leitor de textos escritos em época anterior à modernidade das letras e ao estudioso da historiografia literária que necessita de informações precisas sobre a prática e a compreensão de poesia antes da fundação do sistema literário como o conhecemos hoje em língua portuguesa.

Maria do Socorro Fernandes de Carvalho é professora de Literatura Portuguesa na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem doutorado em Teoria e História Literária (2004) pela Unicamp e publicou os livros Poesia de agudeza em Portugal, em 2007, pela Edusp/Humanitas, e Preambulares do livro seiscentista em Portugal e no Brasil, em 2009, pela Edufpi. Leciona na área de Letras, com ênfase em estudos retóricos das letras do Antigo Regime e teoria literária, e estuda, principalmente, poesia, o “barroco”, poética, retórica e história do livro no século XVII.

A pesquisadora Maria do Socorro, bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa, Edição 2016.