Projeto Literatura Aberta leva Shakespeare à Casa da Leitura

sexta-feira, 2 de março de 2018.
Entrevista
William Shakespeare, teatro, leitura, literatura, Mitologia, Filosofia, Psicologia
William Shakespeare estará no centro da cena do projeto Literatura Aberta, com uma série de cursos na Casa da Leitura, sempre às quintas-feiras, a partir do dia 8 de março. As coordenadoras Lisia Filgueiras – Mestre em Pesquisa e Clinica em Psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – e Miriam Halfim – mestre em Literatura Inglesa pela UFRJ, bolsista da Fulbright, membro do Pen Clube e Membro Titular da Academia Carioca de Letras – propõem um amplo debate em torno da obra do bardo inglês, que há mais de 400 anos permanece vigorosa e contemporânea.

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Fevereiro de 2018 - Miriam Halfim e Lisia Filgueiras, coordenadoras do Projeto Literatura Aberta - Falando de Shakespeare, na Casa da Leitura da Biblioteca Nacional.
Fevereiro de 2018 - Miriam Halfim e Lisia Filgueiras, coordenadoras do Projeto Literatura Aberta - Falando de Shakespeare, na Casa da Leitura da Biblioteca Nacional.

Os encontros envolvem discussões, palestras e leituras dramatizadas e abordam áreas tão diversas quanto Mitologia, Cultura, Filosofia, Educação, Humanidades, com ênfase em Literatura e Psicanálise. Não há pré-requisito para se inscrever no curso. “Não é um curso formal, como em uma faculdade: Shakespeare nos convoca a um debate mais amplo”, define Miriam Halfim.

A ideia das coordenadoras é atrair um público diversificado, como, aliás, era o público do próprio dramaturgo à época em que escreveu suas peças. Se muitas pessoas encaram Shakespeare atualmente como autor erudito e hermético, Miriam sinaliza no sentido contrário: “o teatro de Shakespeare comportava 2 mil espectadores. A maioria ficava em pé, perto do palco, pagando 1 shilling. Como grande parte da plateia era composta por pessoas não-alfabetizadas, a linguagem precisava ser acessível. Por isso, o texto usava piadas ambíguas. Algumas são deliciosamente ousadas, porque Shakespeare brincava com esse tipo de recurso para atrair o povo”.

No programa estabelecido para os encontros do Projeto Literatura Aberta, a Psicanálise tem papel central, atravessando-os semanalmente. “Eu sempre achei que você não pode fazer um texto sem conhecer a alma da pessoa retratada. É impressionante como Shakespeare estabelecia os perfis dos seus personagens com maestria", diz Miriam Halfim, citando também o crítico literário Harold Bloom, para quem a Psicanálise foi inventada por William Shakespeare; Freud apenas a codificou.

Lisia Filgueiras é Jornalista e Psicóloga de formação e traz a sua visão sobre o projeto: “de alguns anos para cá, eu me reaproximei da Literatura. Encontrei Shakespeare pelo caminho, e vi como é impressionante a riqueza das peças e do texto dele. Eu me propus a aproximar a Literatura da Psicanálise, produzir projetos e encontros em que essa aproximação possa ser colocada. O desafio é trazer a Psicanalise não como uma coisa erudita ou hermética, mas como um saber que a gente possa debater”.

Lisia explica que os encontros preveem alguns textos pré-selecionados, mas o debate estará sempre aberto ao longo do tempo: “a gente começa dando uma panorâmica geral da época em que viveu William Shakespeare, para depois analisar um texto do autor. A partir daí, um palestrante convidado – professor, escritor, profissional, autor teatral – traz a sua perspectiva sobre a obra em debate. Sempre que possível, a gente ‘joga’ para o público participar”.

Por exemplo, para a sessão sobre o Mercador de Veneza, os participantes vão contar com a leitura dramatizada de Sérgio Fonta. O ator vai compartilhar com o público sua experiência e vivência na criação do personagem Shylock.

Fevereiro de 2018 - Miriam Halfim e Lisia Filgueiras, coordenadoras do Projeto Literatura Aberta - Falando de Shakespeare, na Casa da Leitura da Biblioteca Nacional.
Fevereiro de 2018 - Miriam Halfim e Lisia Filgueiras, coordenadoras do Projeto Literatura Aberta - Falando de Shakespeare, na Casa da Leitura da Biblioteca Nacional.