galeria-4092-projeto-literatura-aberta-leva-shakespeare-casa.jpg
![Fevereiro de 2018 - Miriam Halfim e Lisia Filgueiras, coordenadoras do Projeto Literatura Aberta - Falando de Shakespeare, na Casa da Leitura da Biblioteca Nacional. Fevereiro de 2018 - Miriam Halfim e Lisia Filgueiras, coordenadoras do Projeto Literatura Aberta - Falando de Shakespeare, na Casa da Leitura da Biblioteca Nacional.](https://antigo.bn.gov.br/sites/default/files/styles/large/public/imagens/noticias/2018/0302-projeto-literatura-aberta-leva-shakespeare-casa-leitura/galeria-4092-projeto-literatura-aberta-leva-shakespeare-casa.jpg?itok=FAKBpiZu)
Os encontros envolvem discussões, palestras e leituras dramatizadas e abordam áreas tão diversas quanto Mitologia, Cultura, Filosofia, Educação, Humanidades, com ênfase em Literatura e Psicanálise. Não há pré-requisito para se inscrever no curso. “Não é um curso formal, como em uma faculdade: Shakespeare nos convoca a um debate mais amplo”, define Miriam Halfim.
A ideia das coordenadoras é atrair um público diversificado, como, aliás, era o público do próprio dramaturgo à época em que escreveu suas peças. Se muitas pessoas encaram Shakespeare atualmente como autor erudito e hermético, Miriam sinaliza no sentido contrário: “o teatro de Shakespeare comportava 2 mil espectadores. A maioria ficava em pé, perto do palco, pagando 1 shilling. Como grande parte da plateia era composta por pessoas não-alfabetizadas, a linguagem precisava ser acessível. Por isso, o texto usava piadas ambíguas. Algumas são deliciosamente ousadas, porque Shakespeare brincava com esse tipo de recurso para atrair o povo”.
No programa estabelecido para os encontros do Projeto Literatura Aberta, a Psicanálise tem papel central, atravessando-os semanalmente. “Eu sempre achei que você não pode fazer um texto sem conhecer a alma da pessoa retratada. É impressionante como Shakespeare estabelecia os perfis dos seus personagens com maestria", diz Miriam Halfim, citando também o crítico literário Harold Bloom, para quem a Psicanálise foi inventada por William Shakespeare; Freud apenas a codificou.
Lisia Filgueiras é Jornalista e Psicóloga de formação e traz a sua visão sobre o projeto: “de alguns anos para cá, eu me reaproximei da Literatura. Encontrei Shakespeare pelo caminho, e vi como é impressionante a riqueza das peças e do texto dele. Eu me propus a aproximar a Literatura da Psicanálise, produzir projetos e encontros em que essa aproximação possa ser colocada. O desafio é trazer a Psicanalise não como uma coisa erudita ou hermética, mas como um saber que a gente possa debater”.
Lisia explica que os encontros preveem alguns textos pré-selecionados, mas o debate estará sempre aberto ao longo do tempo: “a gente começa dando uma panorâmica geral da época em que viveu William Shakespeare, para depois analisar um texto do autor. A partir daí, um palestrante convidado – professor, escritor, profissional, autor teatral – traz a sua perspectiva sobre a obra em debate. Sempre que possível, a gente ‘joga’ para o público participar”.
Por exemplo, para a sessão sobre o Mercador de Veneza, os participantes vão contar com a leitura dramatizada de Sérgio Fonta. O ator vai compartilhar com o público sua experiência e vivência na criação do personagem Shylock.