O objetivo de Thaís Fernandes, pesquisadora do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional, em seu projeto História da tradução de literatura clássica latina no Brasil: os paratextos das traduções de Virgílio, é estudar as traduções de Virgílio publicadas no Brasil entre 1808 e 2014, especialmente os prefácios e notas que as acompanham e que também constituem fontes valiosas de informação sobre o trabalho dos tradutores. A análise desses elementos pode ajudar a revelar suas estratégias de tradução e o público-alvo dessas edições.
Apesar da importância das literaturas estrangeiras para a formação da literatura e do leitor brasileiros, a história da literatura traduzida no Brasil e o papel dos tradutores, segundo Thaís, ainda são, em grande parte, desconhecidos por nós, não obstante estudos recentes de especialistas. O projeto pretende contribuir para o conhecimento dessa história e reconhecimento aos tradutores brasileiros de literatura latina, dando-lhes maior visibilidade.
As primeiras traduções de Virgílio no Brasil, segundo a pesquisadora, datam de 1818. Foram feitas por Antonio José de Lima Leitão e abrangeram suas três obras, tendo sido publicadas em três tomos pela Typographia Real. No século XIX, mais sete traduções virgilianas, entre as quais as polêmicas versões de Manuel Odorico Mendes, publicadas em 1854 (Eneida brasileira) e 1858 (Virgílio brasileiro). No século XX, foram 12 publicações desse autor. Nos últimos anos da pesquisa, foram oito as traduções de Virgílio. Algumas dessas, como as já mencionadas de Odorico Mendes e a tradução da Eneida de Carlos Alberto Nunes, receberam várias reedições, o que confirma sua qualidade e importância para os estudiosos e tradutores brasileiros da literatura latina. As obras pesquisadas integram o acervo da Biblioteca Nacional e são fontes da pesquisa.
Thaís Fernandes é licenciada em Letras – Língua e Literatura Vernáculas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e mestre em Estudos da Tradução pela mesma universidade, onde pesquisou o papel da tradução no ensino do latim. É doutora também em Estudos da Tradução, com a tese “A literatura latina no Brasil: uma história de traduções”, na qual organizou um catálogo com as traduções de literatura latina publicadas no Brasil entre 1808 e 2014. Com experiência lecionando latim e literatura latina no ensino superior, Thaís também é especialista em história da tradução de literatura latina no Brasil, tendo colaborado com pesquisadores da área em edições como As metamorfoses, de Ovídio – publicada recentemente pela EdUFSC.