Marco Aurélio Vannucchi e o estudo do fenômeno "Corporativismo de classe média"

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019.
Perfil
ensino, Programa Nacional de Apoio à Pesquisa, pesquisador
O projeto destina-se a examinar o fenômeno que Marco Aurélio Vannucchi chama de “corporativismo de classe média”, inaugurado no Brasil na década de 1930. Resultado da interação entre Estado e elites profissionais, ele gerou sindicatos e conselhos profissionais (como a Ordem dos Advogados do Brasil e o Conselho Federal de Engenharia). O corporativismo de classe média fundiu a regulamentação das profissões e sua representação perante o Estado. O pesquisador sugere que o fenômeno constitua uma temática inédita tanto na historiografia quanto na produção das ciências sociais brasileiras. O corporativismo no Brasil foi um mecanismo central na incorporação política da classe média a partir de 1930.

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Marco Aurélio Vannucchi, pesquisador do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional
Marco Aurélio Vannucchi, pesquisador do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.

No curso do projeto, o historiador pretende elaborar tanto uma narrativa quanto um quadro do corporativismo de classe média. A narrativa resultará da combinação de fatos estabelecidos no decorrer da investigação com a apropriação crítica da literatura especializada. A construção do quadro estará fundamentada no estudo das seguintes categorias profissionais de classe média: advogados, engenheiros e médicos. Ademais, há fontes que permitem a aplicação de métodos estatísticos.

Assim, o corpus documental será submetido a um tratamento tanto qualitativo quanto quantitativo. A abordagem qualitativa dos documentos produzidos pelos agentes estatais, pelos conselhos profissionais e pelos sindicatos permite entender os interesses, as metas e as ações das partes envolvidas na implementação do corporativismo de classe média. Além disso, o exame qualitativo das leis de sindicalização, de regulamentação profissional e de criação de conselhos profissionais possibilita flagrar o resultado das interações entre essas partes e entender os termos formais nos quais o corporativismo de classe média foi estabelecido.

Por outro lado, a análise quantitativa de dados presentes na documentação permite dimensionar a população das várias profissões tratadas nesta pesquisa, assim como verificar a eficiência do enquadramento corporativo da classe média pelo estabelecimento de taxas de sindicalização.

As principais fontes do projeto são constituídas pelos Boletins do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (MTIC), disponíveis na Biblioteca Nacional, e pelos jornais que compõem a Hemeroteca Digital da instituição.

Marco Aurélio Vannucchi é professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV) e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais (PPHPBC) do CPDOC-FGV. Foi editor da revista Estudos Históricos entre 2014 e 2018 e coordenador da graduação em História do CPDOC-FGV entre 2014 e 2016. Graduado e mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em História pela mesma instituição, com período-sanduíche na Universidade Paris IV (Sorbonne) e pós-doutor em Sociologia pela UNICAMP. Autor do livro Os cruzados da ordem jurídica. A atuação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 1945-1964 (2013). Líder do grupo de pesquisa do CNPq Corporativismo, autoritarismo e ordem institucional no Brasil contemporâneo. Pesquisador da International Network of Analysis of Corporatism and the Organization of Interests (NETCOR). Pesquisador da Rede Conexões Lusófonas. Coordenador do Grupo de Trabalho História e Direito da ANPUH-RJ.