André Bueno e a aproximação Brasil-China no tempo do Império

quinta-feira, 25 de abril de 2019.
Perfil
China, Ásia, Império, México, Peru, Estados Unidos, Cuba
No século XIX, o Império brasileiro juntou-se a outras nações europeias para tentar negociar com a China; e para isso, era necessário aprender mais sobre essa civilização milenar.

cobertura-5141-andre-bueno-aproximacao-brasil-china-tempo.jpg

O pesquisador André Bueno fotografado na Biblioteca Nacional.
O pesquisador André Bueno fotografado na Biblioteca Nacional.

O Brasil do século XIX era um país multifacetado, único império dos trópicos, era considerado uma nação poderosa, rica, mas dominada por uma sociedade escravocrata e elitista. Nesse contexto, as questões geopolíticas do mundo reverberavam diretamente sobre nossas terras, mas eram discutidas e entendidas dentro de um ponto de vista especificamente brasileiro. Foi o que aconteceu quando, em torno da segunda metade do século, se tornou uma tendência mundial a emigração de chineses, como trabalhadores livres, para diversas partes do mundo. Países como Estados Unidos, Peru, Cuba e México – apenas para citar as Américas – receberam quantidade expressiva de mão de obra vinda do Celeste Império, que afetaria diretamente a composição de seu quadro social.

No Brasil, a vinda dos chineses foi ardorosamente discutida a partir da década de 1870, tornando-se um debate público. Intelectuais destacados, como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e Miguel Lemos envolveram-se de maneira intensa nessa questão, suscitando um interesse novo pela civilização chinesa. Os “chins”, como eram chamados, já circulavam em nossa sociedade desde os tempos coloniais, mas agora a questão era saber se eles viriam a constituir uma parte efetiva do quadro social brasileiro.

Para saber mais sobre a China, os intelectuais brasileiros partiram em busca de conhecimento, e sob o patrocínio do Império, uma primeira missão oficial seria organizada para conhecer, diretamente, o império chinês. Era o início de uma longa trajetória histórica em que Brasil e China se aproximariam e se afastariam, diversas vezes, ao sabor das questões políticas.

Esse é o tema que André Bueno investiga na Biblioteca Nacional. Buscando reconstituir essa primeira missão, bem como seus desdobramentos, André pesquisa o surgimento de uma sinologia – um “estudo das coisas chinesas” – à moda brasileira, e os desafios para compreender essa civilização asiática em nosso país.

André Bueno é sinólogo, com Mestrado em História na UFF e Doutorado em Filosofia pela UGF. Atualmente é Professor de Antiguidade Oriental na UERJ, e integra diversos grupos de pesquisa sobre Ásia no Brasil, América Latina e Europa.