O pensamento econômico e as estratégias diplomáticas do Conde de Linhares, por Thiago Dias

terça-feira, 24 de setembro de 2019.
Perfil
economia, Portugal, Brasil Colônia
O Conde de Linhares foi um dos mais proeminentes secretários de estado de Portugal do final do século XVIII e início do XIX, tendo acompanhado a família real em sua travessia atlântica para o Rio de Janeiro.

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O pesquisador Thiago Dias com obra da Coleção Linhares.
O pesquisador Thiago Dias com obra da Coleção Linhares.

D. Rodrigo de Sousa Coutinho, o homem por trás do título nobiliárquico de Conde de Linhares, era provido de extensa experiência diplomática na Itália enquanto protegido do famoso Marquês de Pombal. Em 1779, foi agraciado como ministro e secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos no gabinete do Príncipe Regente D. João e, já no Brasil, ocupou o cargo de Ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, tendo sido articulador e entusiasta da fundação da Academia Real Militar, do Jardim Botânico e da própria Biblioteca Nacional, entre outras relevantes instituições imperiais.

O ilustrado D. Rodrigo de Sousa Coutinho colecionou um rico manancial documental e produziu relevantes testemunhos analíticos do seu tempo, hoje distribuídos por diversas instituições e bibliotecas mundo afora. Tendo acompanhado o deslocamento da corte para o Brasil, foi um dos articuladores da diplomacia portuguesa na Inglaterra com vistas a obter apoio e salvaguardas para a travessia naquele momento crucial em que a família real optou por deixar Portugal e partir para o Brasil, respeitando a integridade física e política da monarquia em detrimento dos ataques das tropas napoleônicas.

A pesquisa de Thiago Dias envolve principalmente o pensamento econômico e as estratégias diplomáticas do Conde de Linhares, tendo como principal referência a Coleção Linhares, com quase mil notações documentais de tipologias variadas. Entre cartas aos monarcas, discursos autorais proferidos na Academia de Ciências e na Sociedade Geográfica, bem como ensaios sobre questões políticas e econômicas, uma questão moveu D. Rodrigo: como proteger os interesses imperiais portugueses frente a uma conjuntura de depreciação das monarquias europeias e a iminência de uma guerra? Adepto de uma aliança com os ingleses e da formação de um grande império luso-brasileiro, D. Rodrigo planejou ofertas seguras e pensou o Brasil, seu comércio e o algodão, como uma fonte de segurança junto aos planos de aliança com a Inglaterra e contra a ameaça da França de Napoleão.

Thiago Dias é licenciado e bacharel em História pela UFRN, mestre em História e Espaços pela mesma instituição e doutor em História Econômica pela USP.