Cabral Chega ao Brasil: descobrimento ou achamento?

quarta-feira, 22 de abril de 2020.
Notícia
Pedro Alvares Cabral
O termo Descobrimento do Brasil é usualmente empregado para designar a chegada da armada lusitana, comandada por Pedro Álvares Cabral, a um território já alcançado pelos europeus e povoado amplamente por nativos. Inicialmente definida como acidental, sabe-se que a vinda de Cabral foi intencional, com o objetivo de legitimar a presença portuguesa, oficializar a posse e iniciar a exploração da terra, inicialmente batizada de Vera Cruz.

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“Pedro Alvares Cabral descobre o Brazil: alli desembarca, e toma posse d'aquela região”, de autoria de Mauricio Jose do Carmo Sedim, impressa no Rio de Janeiro em 1839.
“Pedro Alvares Cabral descobre o Brazil: alli desembarca, e toma posse d'aquela região”, de autoria de Mauricio Jose do Carmo Sedim, impressa no Rio de Janeiro em 1839.

A visita dos europeus às terras brasileiras já era conhecida e sabe-se que o navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón desembarcou no cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco, no dia 26 de janeiro de 1500  — esta considerada a mais antiga viagem comprovada ao território brasileiro. Tudo indica que a Espanha não reivindicou a posse devido ao Tratado de Tordesilhas – assinado com Portugal – ainda que a viagem tenha sido registrada por Pinzón e documentada por importantes cronistas da época como Pietro Martire d'Anghiera e Bartolomeu de las Casas. Coube aos portugueses se apossar do território e iniciar sua exploração e posterior colonização.
Membro de uma família nobre, Cabral foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador, que foi nomeado pela Coroa Portuguesa para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. A rota por terra para a Índia era dominada por árabes, turcos e italianos e sua missão, portanto, visava solidificar uma rota marítima para o comércio de especiarias, sobretudo. Em meio à viagem sua frota – de 13 naus – se afasta da costa africana e navega cruzando o Atlântico, vindo a aportar na costa do atual estado da Bahia. Ancoraram em frente a um monte, batizado de Pascoal, e ali rezaram uma missa no dia 26 de abril, domingo de Páscoa.

Daí em diante, tem início a nossa história. A história de um Brasil que continua em sua trajetória de achamento, descobrimento e conquista de si mesmo e de seu lugar no mundo. Desse processo, resultam os vestígios. Ou o que os historiadores costumam chamar de fontes históricas – aquelas utilizadas para embasar as pesquisas e a produção do conhecimento científico. Alguns desses importantes registros estão disponíveis no acervo da Biblioteca Nacional. Confere lá!

Para Portugal, seguiu um documento, uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha. Nela, seu autor detalhava as condições da viagem e as novidades encontradas pela tripulação sob o comando de Pedro Álvarez Cabral. A famosa e preciosa carta de Caminha pode ser lida, em objeto digital, no acervo da Biblioteca Nacional.

Um Novo Mundo já fora descoberto em 1492, por Cristóvão Colombo, quando de sua chegada à América. Agora, esse Novo Mundo seria ampliado. Uma nova cartografia e novos estudos geográficos, náuticos, políticos e sociais passaram a ser construídos. Nas exposições virtuais da Biblioteca, podemos observar as transformações pelas quais as ciências, em especial a Cartografia, sofreram nesse processo. 
Cabral morreu de causas não especificadas, provavelmente em 1520, e foi enterrado no interior da Capela de São João Evangelista na Igreja do Antigo Convento da Graça de Santarém, em Portugal.
A BNDigital traz uma iconografia intitulada “Pedro Alvares Cabral descobre o Brazil: alli desembarca, e toma posse d'aquela região”, de autoria de Mauricio Jose do Carmo Sedim, impressa no Rio de Janeiro em 1839. Explore o documento.

Na Divisão de Obras Raras, alguns livros sobre o descobrimento do Brasil:

1. Gandavo, Pero de Magalhães. Historia da provincia Santa Cruz, a qui vulgarmente chamamos Brasil: feita por Pero de Magalhães de Gandavo, dirigida ao muito Ills. Senhor Dom Lionis Pereira, governador que foy de Malaca e das mais partes do Sul na India. Impresso em Lisboa [Portugal]: na officina de Antonio Gonsalvez, 1576.

O autor conta a história do descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral, descreve os costumes dos índios, a natureza do país. É extremamente raro.

2. PITA, Sebastião da Rocha, 1660-1738. Historia da America Portugueza, desde o anno de mil e quinhentos do seu descobrimento, até o de mil e setecentos e vinte e quatro.../composta por Sebastião da Rocha Pitta...Lisboa Occidental: Officina de Joseph Antonio da Sylva, 1730.

“Este livro procura relatar os acontecimentos ocorridos no Brasil desde o descobrimento até o ano de 1724. Dividida em 10 partes, a obra organiza-se em torno da crônica administrativa do Brasil. Escrita um século depois da História de frei Vicente do Salvador, esta é a segunda história geral do Brasil, mas a primeira a ser impressa. A primeira edição da História da América Portuguesa é obra muito rara e de grande qualidade. É impressa em grande formato, com tipografia generosa, estampas diversas e cotas marginais. Trata-se de uma obra de referência para a pesquisa que se faz sobre os séculos iniciais da colonização.”