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Aquele que quiser estudar e escrever sobre a vida de Moraes se apoiará em fontes do período, como sites de notícias e redes sociais, para descrever o que acontecia no país e no mundo. Do mesmo modo como, ao ter de se debruçar sobre a obra do artista, provavelmente não deixará de consultar a Hemeroteca Digital em busca de referências. Das muitas que encontrará, talvez a coluna "Discoteca" do Correio Braziliense de 8 de setembro de 1977 desperte o seu interesse.
O texto assinado por João José Miguel, "O baiano Moreira dando a volta por cima", trata do lançamento do segundo disco solo de Moraes após a sua saída dos Novos Baianos em 1974. "Cara e coração" seria "uma obra madura, bem sucedida e - o que é mais importante - herdeira legítima da vibração dos Novos Baianos em 'Acabou Chorare'".
O primeiro disco solo, apenas "Moraes Moreira", de 1975, teria pecado por ser dos "mais indefinidos talvez pela própria necessidade do artista de fugir daquela imagem/som do grupo que então ainda estava em grande evidência". De fato, deixar o grupo deve ter sido um grande desafio, principalmente em razão da pertinente, embora muitas vezes preguiçosa, comparação com uma das mais importantes realizações da música popular brasileira que foi "Acabou Chorare", álbum lançado em 1972.
Já aquele que quiser romantizar a quarentena poderá imaginar alguém recolhido em casa ouvindo pela primeira vez os discos de Moraes e, fascinado, descobrindo canções como "Chinelo do meu avô", "Violão vagabundo", "PS", "Hino nordestino", "Pombo correio", "Meiufiu" ...
Se você puder, busque os discos de Moraes.
PS: "Do vírus, menina/ Se faz a vacina", letra de PS, faixa # 8 de "Moraes Moreira" (1975).
(Fábio Lima)
Imagem: Lista das melhores músicas e filmes da década de 1970, segundo Raul Fernandes Sobrinho, coluna "Alternativas", Tribuna da Imprensa, 13/12/1979. Destaque para "Acabou Chorare", #3, e "Lá vem o Brasil descendo a ladeira", lançado naquele ano, # 10 da lista de discos nacionais. Corrreio Braziliense (DF), 08/09/1977