cobertura-6334-quarentena-isolamento-lazareto-ilha-grande.jpg
![Na carta hidrográfica “Enseadas do Abrahão e das Palmas” Na carta hidrográfica “Enseadas do Abrahão e das Palmas”](https://antigo.bn.gov.br/sites/default/files/styles/large/public/imagens/noticias/2020/0420-quarentena-isolamento-lazareto-ilha-grande-construcao/cobertura-6334-quarentena-isolamento-lazareto-ilha-grande.jpg?itok=5o0P-1om)
O Lazareto de Ilha Grande funcionou como centro de triagem e isolamento. Sua construção foi resultado do estudo de profissionais do Império e ficou a cargo do engenheiro Francisco Antonio de Paula Freitas. Sua localização, na enseada de Abraão, permitia a ancoragem espaçada de navios, e o fato de estar localizado em uma ilha favorecia o isolamento do continente. Este lazareto atendia mais a prática da quarentena e do isolamento preventivo, do que a um serviço hospitalar, pois o objetivo era manter observação sobre passageiros que pudessem representar ameaça à saúde pública. No lazareto os doentes não seriam tratados. Estes deveriam ser encaminhados a outra edificação destinada para tal.
O período de quarentena na Ilha Grande também servia para práticas destinadas não apenas aos passageiros, mas também a ações profiláticas destinadas à desinfecção de cargas e bagagens que pudessem estar contaminados. O Decreto 9.554, de 3 de fevereiro de 1886, que tratava da reorganização do serviço sanitário no Império tinha um capítulo inteiro dedicado aos lazaretos, e artigos específicos sobre o de Ilha Grande, dada sua importância na estrutura da saúde pública.
Seus serviços estavam divididos entre administrativos e médicos. O decreto estipulava ainda o período de quarentena específico para suspeita de cada doença: oito para febre amarela, dez para cólera e 20 para peste, de acordo com o ciclo de incubação do agente causador de cada doença. As instalações do Lazareto de Ilha Grande assemelhavam-se à de um navio, divididas em primeira, segunda e terceira classes. Os quarentenados arcavam com taxas de internação estipuladas pelo governo e podiam manter consigo alguns poucos objetos pessoais depois de desinfeccionados. Eram mantidos sob vigília de força policial, para garantir o cumprimento das medidas de quarentena, uma vez que nem todos concordavam com o isolamento.
O Lazareto de Ilha Grande continuou suas atividades mesmo com o fim do Império. A construção de uma represa e do aqueduto, em 1893, representou grandes melhorias para o complexo. Além destas, outras obras continuaram trazendo benfeitorias para o lazareto. Contudo, é possível afirmar que funcionou por pouco tempo, por menos de 30 anos, encerrando suas atividades como tal em 1913. No Governo Vargas, o complexo foi utilizado como presídio político. Por ordem do Governador Carlos Lacerda, em 1962, o complexo foi destruído restando apenas ruínas do Lazareto, que é hoje um dos principais pontos turísticos não naturais da Ilha Grande.
(Diana Ramos)
Na carta hidrográfica “Enseadas do Abrahão e das Palmas” da Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha de 1934 é possível visualizar a Ilha Grande e suas enseadas, como a Abraão, onde as embarcações ancoravam para inspeção.