Dia da literatura brasileira homenageia José de Alencar

sexta-feira, 1 de maio de 2020.
Notícia
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José Martiniano de Alencar nasceu dia 1º de maio de 1829, em Messejana, no Ceará. Filho tardiamente reconhecido do então sacerdote e, posteriormente, senador do Império José Martiniano de Alencar, com uma prima em primeiro grau, Ana Josefina de Alencar, José de Alencar formou-se em direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, e ocupou cargos no governo imperial, tendo sido Deputado Provincial pelo Ceará, chefe da Secretaria do Ministério da Justiça e, posteriormente, Ministro da Justiça.

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Retrato de Jose de Alencar o desenho, custodiado pela Divisão de Iconografia da Biblioteca Nacional, produzido por Augusto Off, indica um estudo para o retrato dele.
Retrato de Jose de Alencar o desenho, custodiado pela Divisão de Iconografia da Biblioteca Nacional, produzido por Augusto Off, indica um estudo para o retrato dele.

Apesar de sua vida política, inspirado em autores como Joaquim Manoel de Macedo, Alexandre Dumas, Balzac, dentre outros, passa a dedicar-se à escrita de textos literários. Seu primeiro romance, Cinco Minutos, foi publicado em 1856. Mas foi com o romance O Guarani que o autor ganhou notoriedade: sua escrita em folhetim no Diário do Rio de Janeiro  tornou-se um sucesso, servindo inclusive de inspiração para a composição da ópera O Guarani, de Carlos Gomes. A chamada Trilogia Indigenista, O Guarani (1857), Iracema (1865), e Ubirajara (1874), consagra temas nacionais, destacando os povos indígenas na composição da sociedade brasileira. José de Alencar é celebrado como um dos maiores escritores brasileiros do século XIX, e é especialmente reconhecido como fundador da literatura de temática nacional. Por essa razão, em sua homenagem, ao criar a Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis o escolheu como patrono da sua Cadeira 23.

Embora aclamado por grande parte do público leitor, e até mesmo elogiado por Machado de Assis (Diário do Rio de Janeiro), José de Alencar, ressentido por críticas aos seus romances, passa a adotar o pseudônimo Sênio. Uma das obras sob esse pseudônimo, o Tronco do Ipê, foi publicado em folhetim no jornal A República.

Algumas das obras de Alencar foram escolhidas para integrarem a Edição Maravilhosa, coleção de Histórias em Quadrinhos da Editora Brasil América-Limitada (EBAL), dedicadas a quadrinizar obras da literatura clássica nacional e internacional. A Trilogia Indigenista, além das obras: O Tronco do Ipê, O Gaúcho, O Sertanejo, ganharam ali, pela primeira vez, versões em Histórias em Quadrinhos. A coleção encontra-se em tratamento para futura disponibilização em meio físico, quando as atividades da FBN retornarem a sua normalidade.

O dia do nascimento de Jose de Alencar foi instituído como o dia da literatura brasileira, data para celebrar os escritores e a rica diversidade de escolas literárias brasileiras e é um reconhecimento de um elemento cultural fundamental para a construção da identidade da nação. Nas palavras de Antonio Candido, professor e crítico literário, autor do ensaio O Direito à Literatura, “a literatura é um direito de toda a gente. Necessidade universal de fabular, complemento da vida, enriquecimento dos olhos que se tem – eis algumas das veias que perpassam a arte da palavra”. Uma oportunidade, portanto, para refletir sobre a história da literatura brasileira, sua evolução, e divulgar seus autores clássicos, além de incentivar a leitura de obras de escritores e escritoras contemporâneos.
Considera-se como literatura brasileira oficial aquela estabelecida a partir da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, com as obras escritas pelos colonizadores. Assim, a “Carta de Pero Vaz de Caminha” é vista como a primeira obra da nossa literatura. Em seguida, foi sendo construída por meio da assimilação de movimentos literários europeus, copiados ou adaptados a elementos nacionais. Essa realidade começou a mudar no século XX com o fim do Modernismo brasileiro. Movimentos e escolas literárias como Quinhentismo, Barroco, Neoclassicismo ou Arcadismo, Romantismo, Realismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo e o Neo-Realismo enriquecem nossas prosas e versos. Da mesma forma, merecem destaque nossos autores, como Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector e, mais recentemente, Paulo Coelho, Ariano Suassuna, Adélia Prado e Ferreira Gullar, dentre inúmeros outros.

José de Alencar ficou conhecido como o primeiro escritor brasileiro a retratar o seu país exatamente como ele era, ou seja, com os personagens típicos do Brasil, como o índio e o sertanejo nordestino.

Vitimado pela tuberculose,  tentou tratamento médico na Europa no ano anterior e em dezembro de 1877 morreu no Rio de Janeiro. Suas obras conferiram nacionalidade à literatura nacional e detalham parte da diversidade de um país grande e múltiplo como Brasil. Alencar escreveu romances regionais, sertão, lendas, pampas, urbanos, históricos, indianistas, peças teatrais, manifestos políticos.

Diversas homenagens lhe são rendidas pelo país, como um busto no bairro do Flamengo e uma estátua no largo do Catete – largo este que foi rebatizado como Praça José de Alencar – na cidade do Rio de Janeiro. Em Fortaleza (CE) – sua cidade natal – foi erguido o Theatro José de Alencar, bem como a Praça José de Alencar e a estação José de Alencar da Linha Sul do metrô. José de Alencar também se tornou o nome de um distrito do município de Iguatu, no Ceará. Por ocasião do centenário de sua morte, no ano de 1977, a Biblioteca Nacional fez uma exposição que pode ser consultada no catálogo, link disponível abaixo.