Dia da Matemática, homenagem a Malba Tahan

quarta-feira, 6 de maio de 2020.
Notícia
Malba Tahan, Matemática, Mello e Souza, Fundação Biblioteca nacional
Em homenagem ao engenheiro e escritor brasileiro Júlio Cesar de Mello e Souza, nascido em 6 de maio de 1895, foi instituído hoje o Dia da Matemática. Devido ao seu fascínio pelo mundo dos números e das letras, tornou-se escritor. Escrevia obras literárias e didáticas, oferecia palestras educativas, ministrava cursos. Mas você raramente irá encontrar o nome Júlio Cesar como autor de suas próprias obras literárias. Na verdade, a busca deve ser feita pelo nome de seu “alter ego”: Malba Tahan.

Malba Tahan, personagem criado por Mello e Souza, compôs inúmeras obras alicerçadas nas sociedades e culturas do Oriente Médio e Ásia Central, do século XIX. Aventuras na Turquia, Iran, Iraque, Paquistão, Índia, dentre outros locais, são detalhadas em histórias que uniam a narrativa romântica aos números. O Homem que Calculava (Careta), Mil Histórias sem fim, Lendas do Deserto, são algumas de suas obras.

Toda uma ambientação sobre a descobertas dos supostos manuscritos atribuídos a Malba Tahan, estratégia para dar fundamento verídico a essa mistificação literária, foi divulgada com a finalidade de legitimar sua existência "real" (Para Todos,  Careta,  Revista da Semana).

Malba Tahan não era um simples pseudônimo. Havia histórias acerca de sua trajetória de vida: seu nascimento em 6 de maio de 1885, em Muzalit, próximo a Meca, seus estudos no Cairo (Egito), fazem parte de sua biografia e podem, inclusive, ser encontrados em sítio sobre a vida e a obra de Júlio Cesar.

O primeiro livro de Malba Tahan foi lançado em 1925. Daí em diante, os contos, romances e narrativas fantásticas ganharam fôlego, sendo publicados em jornais e revistas das décadas de 1920 a 1950. Alguns desses, como O Leão, foram publicados em O Tico-Tico. E as bibliografias semanais, publicadas em jornais e revistas, elencavam os livros de Malba Tahan como “adaptações do famoso escritor árabe” (Para Todos)

Júlio escreveu também livros didáticos para o ensino de Matemática, como o título Matemática Divertida e Curiosa (disponível no acervo físico de Obras Gerais da Biblioteca Nacional), assinando ora como Malba Tahan, ora como Prof. Mello e Souza. Suas obras eram classificadas como adequadas a leitura, por não “ferirem a moral” de seu público leitor (Careta). Tal recomendação fez com que uma parte da obra Mil Histórias Sem Fim fosse quadrinizada na Coleção Edição Maravilhosa, da Editora Brasil América Limitada (EBAL). Essa coleção tinha o objetivo de divulgar, entre crianças e jovens, o gosto pela leitura de clássicos da literatura nacional e internacional. A obra escolhida foi ricamente ilustrada e continha dizeres em árabe, em consonância com a tradição muçulmana como sinal de respeito ao Profeta e aos preceitos do Islamismo.

A força do personagem criado por Mello e Souza foi tanta que o governo permitiu que o nome Malba Tahan fosse acrescentado ao documento oficial de identidade de Júlio Cesar, na década de 1950. Esse dado pode ser confirmado no sítio que contém a biografia do autor. Obviamente, a partir de então, todos já sabiam a verdadeira origem de Malba Tahan. Naquele período, suas obras completas e a História em Quadrinhos, mencionada anteriormente, editadas pela Conquista e pela EBAL, respectivamente, já continham a explicação sobre a criação do autor Júlio Cesar.

Sempre ativo, Júlio Cesar proferia palestras educativas e dava aulas, inclusive a pedido de entidades públicas. Faleceu devido a um infarto, em 18 de junho de 1974, enquanto se preparava para participar de uma dessas palestras, a pedido da Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco.