O talentoso Ribeiro Couto

sábado, 30 de maio de 2020.
Notícia
Ribeiro Couto, história, Fundação Biblioteca nacional
“A Questão é apaixonante. Dá para ocupar uma vida. E tenho medo de que a minha seja demasiado curta”. A frase foi escrita por Ribeiro Couto, em 1937, em uma carta ao amigo Rodolfo Garcia, então diretor da Biblioteca Nacional (1932-1945). Na ocasião, Couto relatava as descobertas “apaixonantes” que teria feito sobre a História da Invasão Holandesa ao Brasil (1624), em pesquisa elaborada por ele enquanto ocupava o cargo de Segundo Secretário na Embaixada do Brasil em Haia, Holanda. Rui Esteves Ribeiro de Almeida Couto nasceu em Santos, em 12 de março de 1898.Mais conhecido simplesmente como Ribeiro Couto foi um jornalista, magistrado, diplomata, poeta, contista e romancista brasileiro. Também foi membro da Academia Brasileira de Letras, desde 28 de março de 1934, ocupando a vaga de Constâncio Alves na cadeira 26, até sua morte.

Sua circulação em meios jornalísticos se dá desde 1915, quando colabora para Jornal do Commércio e para o Correio Paulistano. Também trabalhou como repórter para a Gazeta de Notícias, o lhe rendeu contatos com uma infinidade de nomes de peso no cenário das letras nacionais. Dentre os intelectuais presentes em suas redes de sociabilidade, destacam-se Alberto de Oliveira, Olavo Bilac, Coelho Neto, Álvaro Moreira, Ronald de Carvalho, Raul de Leoni e Manuel Bandeira, de quem se tornou amigo até o fim da vida.

Ainda jovem, começa a escrever textos e poemas. Em 1918, vence concurso literário promovido por A Cigarra (http://memoria.bn.br/DocReader/003085/1032). Nesse ano, se dá sua transferência para o Rio de Janeiro, onde vem a terminar os estudos na Faculdade de Direito do Distrito Federal.

A partir da década de 1930, devido à carreira diplomática, passa a viver fora do Brasil. Morou em Haia, Lisboa, Genebra, Belgrado, e Paris. Ocupou cargos de Segundo e Primeiro Secretário, Cônsul-geral, e até Ministro Plenipotenciário. A atuação profissional, entretanto, não o afastou da escrita literária. Sua escrita permanece constante e fértil durante as décadas de 1930 a 1950. As obras Cabocla (1931), Conversa Inocente (1935), Cancioneiro de Dom Afonso (1939), dentre outras, foram escritas durante esse período. Seus textos também podem ser encontrados em jornais e revistas, algumas listadas abaixo.

Em 1934 foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, onde receberia, anos mais tarde, o amigo Manuel Bandeira. Uma de suas obras, Cabocla (1931), foi quadrinizada para a Coleção Edição Maravilhosa da Editora Brasil-América Limitada, em maio de 1954. Essa mesma obra Inspirou também a novela de Benedito Ruy Barbosa, de mesmo título, que foi ao ar em 1979 e, em uma nova readaptação, em 2004. 

Sua rica produção parecia refletir aquele temor, destacado no início dessa postagem, de que sua vida seria curta para executar toda a sua potência literária e satisfazer sua sede de conhecimento. Faleceu devido a um infarto fulminante, em Paris, em 30 de maio 1963, aos 65 anos.

(Raquel Ferreira)