Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento desenvolve o projeto de pesquisa “Uma história da literatura de cordel no Rio de Janeiro contada pelos periódicos guardados na Biblioteca Nacional”.

terça-feira, 21 de julho de 2020.
Perfil
pesquisa, pesquisador, Programa de Apoio à Pesquisa, Programa Nacional de Apoio à Pesquisa, Fundação Biblioteca nacional
A pesquisa “Uma história da literatura de cordel no Rio de Janeiro contada pelos periódicos guardados na Biblioteca Nacional”, em desenvolvimento pela bolsista Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento, explora um conjunto de artigos publicados em jornais do Rio de Janeiro que tratam da presença da literatura de cordel na cidade.

cobertura-6603-ana-carolina-carvalho-almeida-nascimento..jpg

Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento, pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.
Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento, pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.

No final do ano de 2018, a Literatura de Cordel foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Cultural Brasileiro. O reconhecimento é resultado de um longo processo de articulação, que envolveu poetas de cordel e suas entidades representativas, pesquisadores acadêmicos e instituições de guarda de acervos.

A Fundação Biblioteca Nacional guarda em seu acervo folhetos de cordel que começaram a ser organizados como uma coleção no ano de 1985, a partir da atuação do pesquisador Bráulio do Nascimento, especialista em romances e contos populares, e então assessor da Diretoria da Biblioteca. No ano de 2012, a seção de Depósito Legal da Biblioteca realizou uma campanha de captação de folhetos para a atualização do acervo, que segue em curso. Para os poetas de cordel, a Biblioteca Nacional, a partir do registro de autoria, é um importante espaço de referência para a construção das suas identidades como autores.

Mas além dos folhetos, a instituição guarda na seção de Publicações Seriadas um acervo precioso para a história e documentação da literatura de cordel, e que não foi devidamente explorado e divulgado: os artigos publicados nos mais diversos jornais e revistas do país que trataram, ao longo das décadas, desta forma expressiva sob múltiplas interpretações.

O projeto dá continuidade à pesquisa de doutorado da autora sobre o mundo da literatura de cordel no Rio de Janeiro. Em seus estudos anteriores, a autora realizou o levantamento, leitura e análise da produção de livros, teses, dissertações e artigos que trataram da literatura de cordel no Rio de Janeiro, bem como dos folhetos de cordel disponíveis para consulta nos principais acervos públicos da cidade e acervos privados dos poetas. Realizou também trabalho de campo de natureza etnográfica nos locais de produção e circulação da literatura de cordel, além de entrevistas em profundidade com poetas, xilogravadores, vendedores, declamadores, repentistas e pesquisadores.

Historicamente, a presença mais expressiva de poetas de cordel no Rio de Janeiro está relacionada ao espaço da Feira de São Cristóvão a partir da década de 1940, quando se intensificou a migração de nordestinos para o centro- sul do país, em busca de trabalho e melhores condições de vida. Desde então, poetas e vendedores de folhetos ocuparam também outras praças da cidade. No ano de 1988 foi fundada, no bairro de Santa Teresa, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

A pesquisa analisa que poetas, acontecimentos, movimentos e espaços da cidade receberam atenção nos artigos de jornal; que veículos da imprensa se interessaram por estes assuntos; e que formas de pensar a cidade e os grupos que a ocupam foram veiculadas por tais publicações.

Ana Carolina Carvalho de Almeida Nascimento é doutora em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, com a tese “A vida em desafio: literatura de cordel e outros versos no Rio de Janeiro”. É mestre pela mesma instituição e graduada em Ciências Sociais pela UFRJ e História pela UFF. Realizou pesquisas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo para a instrução técnica para o Registro da Literatura de Cordel como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.