Maria Isabela Mendonça dos Santos, desenvolve o projeto de pesquisa das estereoscopias da “Coleção Thereza Christina Maria”

segunda-feira, 31 de agosto de 2020.
Perfil
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A estereoscopia foi, entre o final do século XIX e início do século XX, a forma mais popular de visualização de fotografias. Objetivamente, a técnica consiste em pares de imagens de uma mesma cena que, vistas simultaneamente num visor binocular – o estereoscópio ‒, produzem a ilusão de tridimensionalidade no observador. As vistas estereoscópicas, também conhecidas como estereografias ou estereogramas, podem ser produzidas a partir de diferentes tipos de imagens como desenhos, gravuras ou fotografias, sendo esta última a forma que ganhou maior popularidade.

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Maria Isabela Mendonça dos Santos, pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.
Maria Isabela Mendonça dos Santos, pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.

O projeto de pesquisa da historiadora Maria Isabela Mendonça dos Santos empenha-se em realizar um mapeamento das fotografias estereoscópicas do século XIX nos acervos históricos brasileiros, especialmente aquelas produzidas pelos  “fotógrafos da Casa Imperial”, que compõem a coleção de fotografias do imperador D. Pedro II (Coleção D. Thereza Christina Maria) da Biblioteca Nacional. Busca-se compreender, através desta coleção, o lugar ocupado pela fotografia estereoscópica na configuração de um novo regime de visualidade no Brasil dos Oitocentos, bem como a participação da família imperial no processo de popularização deste medium na Corte.

A fotografia estereoscópica deu grande impulso às expedições fotográficas e aos trabalhos de documentação. O enorme consumo de vistas alimentava os desejos dos observadores por paisagens longínquas, cenas urbanas e construções famosas. Alguns autores consideram a fotografia estéreo o

primeiro sistema visual universal de comunicação, antes do cinema e da televisão, podendo ser vista

como o natural e direto antepassado do cinema de atrações. No Brasil, o grande entusiasta e difusor da estereoscopia foi o imperador Dom Pedro II. Primeiro brasileiro a adquirir e utilizar um equipamento de daguerreotipia, em 1840, tornou-se a figura central da fotografia brasileira do século XIX.

Apesar do fascínio causado pela estereoscopia no século XIX em quase todo o Ocidente, temos na bibliografia especializada poucos estudos que se dedicam a sua prática no Brasil. Em geral, a técnica estereoscópica é citada somente de passagem nas obras sobre fotografia, mas sua popularidade em nível internacional é sempre afirmada em tais obras. A pesquisa da bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional propõe preencher esta lacuna, buscando compreender as especifidades da fotografia estereoscópica, a fim de reconfigurá-la num terreno mais amplo do estudo da visualidade.

A pesquisa é um desdobramento da tese de doutorado A mirada estereoscópica de Guilherme Santos: Cultura Visual na cidade do Rio de Janeiro (Séculos XIX e XX), defendida pela historiadora em 2019 no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. A tese trouxe uma análise do papel da fotografia estereoscópica na cultura visual brasileira, tomando como fio condutor a experiência fotográfica de Guilherme Antonio dos Santos, comerciante e estereoscopista amador, que entre os anos de 1906 e 1958 produziu extenso acervo de vistas estereoscópicas da cidade do Rio de Janeiro.

Maria Isabela Mendonça dos Santos é doutora em História pela Universidade Federal Fluminense e Especialista em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz/FioCruz. Professora da Educação Básica na rede municipal de ensino, tem experiência na área de preservação de acervos históricos, especialmente acervos fotográficos. Atua principalmente nos seguintes temas: História Cultural, Cultura Visual, História com imagens, História da Arte, Patrimônio, Memória e História do Rio de Janeiro.