A data de hoje, 12 de março, é bastante significativa para a cultura: o Dia do Bibliotecário.
Como profissional da informação, o bibliotecário é, no dizer de Ortega y Gasset, alguém capaz de “orientar o leitor não especializado na selva selvaggia dos livros, e ser o médico, o higienista de suas leituras”. O pensamento do filósofo espanhol, contido na obra intitulada, Missión del Bibliotecário, um clássico da literatura da área, revela pioneirismo quando reafirma e destaca a função civilizadora do bibliotecário.
Atuar nesta área requer conhecimento técnico especial, erudição, dedicação e capacidade para enfrentar inúmeros desafios. A informação ocupa um papel cada vez mais relevante no mundo, tanto do ponto de vista da alfabetização e da formação superior mais acessíveis e democratizadas, quanto do crescente e acelerado processo de digitalização de processos, de serviços e, sobretudo, de itens.
Desde há muito, a informação, a comunicação e o conhecimento têm ocupado papel central na sociedade humana, ainda mais em épocas de dificuldade, como nos tempos tão críticos que hoje vivemos em razão da Covid-19.
Em meio ao surto do novo coronavírus, as bibliotecas nacionais tiveram que suprimir algumas atividades presenciais, e foram levadas a buscar alternativas de atuação, uma vez que continuam responsáveis pela guarda, difusão e circulação de informação. No caso específico da FBN, optamos por nos empenharmos em prol de reformas essenciais, e do aprimoramento das atividades remotas.
Nesta fase de grande complexidade e readaptação, os bibliotecários têm feito esforços meritórios com precisão, sacrifício e boa vontade para colaborar com esta gestão a fim de ampliar o acesso ao acervo digital, pelo portal da BN Digital, de conduzir, presencialmente, as obras renovadoras da estrutura física da Biblioteca, a saber, a reforma da sala-cofre de microfilmes, a reforma definitiva de proteção e combate a incêndios no prédio-sede, e a reforma do prédio-anexo, que se encontrava em franca deterioração, pondo em risco itens preciosos de acervo, e de manter em funcionamento muitas atividades regulares, próprias de seu métier, como atender centenas de consultas mensais solicitadas por pesquisadores, entre muitas outras atividades regulares e discretas, que embora não recebam aplausos constantes, são fundamentais para que a pesquisa brasileira tenha em mãos os seus tesouros de saber.
Mesmo com todas as dificuldades impostas pelas mazelas do tempo presente, o bibliotecário está se readaptando bem, e essa nova atuação tem formado dele uma imagem mais heroica do que muitos supõem. Não será apenas conhecido pela grandeza de seu papel técnico, mas será lembrado, cada vez mais, pelos méritos de sua missão civilizadora.
Em nome da Fundação Biblioteca Nacional, parabenizo e agradeço a todos os bibliotecários do Brasil, em especial aos que são a alma dessa casa.
Rafael Nogueira