200 da Independência | A educação no Brasil oitocentista

terça-feira, 8 de junho de 2021.
Notícia
Fundação Biblioteca nacional, FBN, 200 da Independência, Lives
Em mais um episódio da série “200 da Independência”, os professores Felipe Zioti Narita (UNESP), Higor Figueira Ferreira (Colégio Pedro II) e Paulo Mello (UEPG) analisarão como se dava a educação no Brasil oitocentista, em especial a disciplina de História.

Na esteira das independências latino-americanas no início do século XIX, a formação dos Estados nacionais articulou horizontes de construção cultural das nações a partir da definição de estruturas escolares. No Brasil, as primeiras legislações remontam aos anos 1820 e 1830, lidando com a definição de currículos, estabelecimento de jurisdições para aulas e contratação de professorado nas províncias, perspectivas de formação de professores (via escolas normais) e provimento de materiais às escolas.

O nascimento de uma política educacional, atendendo às exigências específicas de um campo social, dialoga com as mudanças atravessadas pelo país, já que a construção do campo educacional é indissociável da afirmação da vida urbana. Tratava-se de um ensino comprometido, sobretudo, com a estruturação de valores morais, subsidiando uma gramática para a socialização e modos de comportamento educado na cidade. Além disso, paralelamente à organização da esfera pública, o livro didático se tornou um objeto cultural importante para a formação da sociedade oitocentista. Os jornais e as tipografias, por exemplo, começaram a difundir a cultura dos impressos, sistematizando as lições em imagens e textos capazes de transmitir aos futuros cidadãos os horizontes culturais da nação em construção, sublinhando também, por meio de traduções e edições expandidas de textos estrangeiros (franceses, portugueses, ingleses e italianos), a capilaridade da circulação cultural no mundo atlântico.

Além dessa abordagem introdutória outras questões centrais serão levantadas sobre a educação no século XIX no Brasil. Quais eram os objetivos do Império brasileiro com a escolarização? Quais iniciativas educacionais formais e informais mobilizavam a sociedade? Como se dava a presença negra nas escolas? E quais eram os desafios experimentados por escravos, libertos e livres de cor no âmbito do acesso à instrução escolar?

Por fim, cabe acentuar o tema da História como disciplina escolar, sua trajetória e consolidação no oitocentos. Quais os principais autores e editoras? O papel dos livros didáticos nessa época e a própria discussão sobre o significado dos livros didáticos serão temas abordados na live.

Nota-se que a educação no Brasil no período oitocentista teve no ensino de História um de seus pilares para a ideia de construção da nação e de uma identidade nacional. Foi ao longo desse período que se desenvolveu o processo de disciplinarização, ou a constituição da História como disciplina escolar. Trata-se de um processo complexo de longa duração, não linear e permeado por confrontos e contradições, que permitiram a constituição, legitimação e consolidação de um corpo dinâmico de saberes a serem ensinados nas escolas, que se articula com uma ciência de referência – a História científica.

Desse processo de consolidação, da História enquanto disciplina, participaram de modo ativo e desigual grupos internos da escola e grupos externos de poder, especialistas e intelectuais de diferentes segmentos em distintas esferas do espaço social, que divergiram e não compartilharam de maneira pacífica as finalidades, os conteúdos e os métodos pedagógicos. Ao mesmo tempo é nesse processo que lentamente se forjou e se consolidou uma certa “tradição” que envolve um modo de conceber o ensino de História que ainda permanece legitimado e validado na cultura escolar e no imaginário social até nossos dias.

 

A Fundação Biblioteca Nacional convida para um episódio da série "200 da Independência", na quarta-feira, 23 de junho de 2021, às 17:00.

A educação no Brasil oitocentista   

Felipe Zioti Narita (UNESP)

Higor Figueira Ferreira (Colégio Pedro II)

Paulo Mello (UEPG)

 

Higor Figueira Ferreira é doutor em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ (2020). Atua enquanto docente no Colégio Pedro II e produz pesquisas com ênfase nas experiências de instrução letrada envolvendo escravos, libertos e livres de cor na cidade do Rio de Janeiro no Século XIX.

Felipe Ziotti Narita realizou pós-doutorado na USP e na UFSCar e obteve suas quatro titulações acadêmicas na UNESP. Atualmente é docente na graduação e na pós-graduação e pesquisador associado da FAPESP. Foi pesquisador convidado para a inauguração do Studienskreis Gregor Girard na Universidade de Freiburg (Suíça) e integra o coletivo polonês de ciências sociais Praktyka Teoretyczna (Universidade Adam Mickiewicz). Membro do Historiar (CNPq) e do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Infância, Juventude e Educação da USP. Editor-chefe da revista Cadernos CIMEAC (UFTM) e editor consultivo da Ekpyrosis Press (EUA).

Paulo Eduardo Dias de Mello é doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP); professor adjunto do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Gross/UEPG onde atua na graduação e no Mestrado Profissional em Ensino de História. É pesquisador do Laboratório de estudos sobre formação de professores e ensino de História - Lafopeh e integra o projeto Glotrec, junto ao Instituto Georg Eckert, desenvolvendo pesquisas sobre História do ensino de História tendo livro didático e currículos como fontes e objetos.

 

O evento é online e transmitido no canal da FBN no Youtube:

www.youtube.com/c/FundacaoBibliotecaNacional

 

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