Com o intuito de apresentar pesquisas, projetos, personagens e reflexões envolvendo a presença de viajantes, imigrantes e intelectuais de língua alemã no Brasil, o Centro de Pesquisa e Editoração (CPE) da Fundação Biblioteca Nacional acercou-se de grandes pesquisadores sobre o tema, e que, especialmente, observam o acervo da Biblioteca Nacional como centro de referência para suas pesquisas.
Sob a coordenação geral do CPE, o webinar contou com a realização técnica do Centro de Cooperação e Difusão (CCD) e congregou pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais, como UFRJ, MAST, USP, CONICET-Argentina, Friedrich-Schiller-Universität de Jena (Alemanha), UFPR, bem como servidores da FBN, bolsista do PNAP-FBN e pesquisadores independentes.
Na abertura, o público foi brindado com a fala das seguintes autoridades: a sra. Maria Eduarda Marques, Diretora-executiva da FBN; os srs. Joachim Schemel, Conselheiro de Imprensa e Cultura da Embaixada da República Federal da Alemanha; e, Jochen Hellmann, Diretor do DAAD - Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico no Brasil; e a Sra. Daniela Rothfuss, Coordenadora Cultural do Instituto Martius-Staden. Como moderador, o sr. Luiz Carlos Ramiro Jr., Coordenador-geral do CPE-FBN.
O Webinar foi mais uma ocasião em que a Biblioteca Nacional do Brasil refletiu seu lugar privilegiado a pesquisadores, estudiosos, estudantes e interessados no tema da presença germânica no Brasil, tema que envolve a própria compreensão acerca da formação do país.
A presença dos alemães na sociedade brasileira (viajantes, historiadores, cronistas, cientistas, comunidades e ordens religiosas, militares, jornalistas, escritores, educadores etc.) é ampla e bem documentada. Os arquivos alemães, por exemplo, contêm diversos ofícios procedentes do Brasil, assim como recortes de imprensa a respeito do significado e da importância da presença teutônica no território brasileiro.
Entre 1824 e 1952, cerca de 350 mil germânicos imigraram para o Brasil, fazendo do país a segunda maior população de imigrantes de origem germânica, depois dos Estados Unidos. Além das colônias no sul e demais regiões, seus descendentes fazem parte da trajetória intelectual, cultural e política do país.
Essa presença teve inclusive uma marca especial na formação do Brasil Independente, cuja comemoração dos 200 anos a Biblioteca Nacional está a perfazer com diferentes ações. Na obra editada pela Biblioteca Nacional, "O Violão na Corte Imperial", da professora Marcia Taborda, é possível perceber como o violão dava o ar da graça na vida musical de D. Leopoldina, natural da Áustria, e como na "missão austríaca" que girava em torno da Corte um instrumento tão marcante da cultura brasileira teve o toque dos germânicos que aqui viviam.
Durante o Segundo Reinado, o próprio Imperador D. Pedro II chegou a manter intensas relações com intelectuais, artistas e cientistas do Império Austro-húngaro e dos Estados Alemães, com vistas a incluir esses países como parceiros na implantação de seu ideal civilizatório em nosso país. A noção comum de uma civilização tropical envolve justamente essa capacidade de apreender o que há de melhor nos diferentes povos que aqui chegaram, passaram ou simplesmente pensaram no Brasil.
A imigração e a colonização alemã no Brasil tiveram um importante papel no processo de enriquecimento da cultura brasileira. Num dos episódios das lives dos "200 da Independência", da Biblioteca Nacional, o historiador Rodrigo Trespach fez questão de nos contar o início da imigração alemã para o Brasil, em 1824, e falou um pouco desse aporte cultural.
Podemos destacar ainda a imensa contribuição do acervo da Biblioteca Nacional, tanto no seu conteúdo físico, quanto aquilo que proporciona aos usuários da BNDigital, como através da Hemeroteca Digital, que oferece ao leitor jornais em alemão que circulavam no Brasil, como o Deutsche Zeitung, de Porto Alegre.
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