Danielle Crepaldi Carvalho investiga o papel das artes no “teatro da modernidade” encenado pela Exposição do Centenário da Independência (1922-1923)

quarta-feira, 27 de outubro de 2021.
Notícia
O projeto analisa a produção artística criada ou recriada ao longo do certame ocorrido no Rio de Janeiro em comemoração aos cem anos da Independência, depositada no acervo da Biblioteca Nacional, buscando entender os sentidos atrelados a ela. De acordo com Danielle, a Exposição procurou fomentar um “teatro da modernidade”, gerando ora a aderência, ora o repúdio dos artistas que se envolveram nela direta ou indiretamente. Ao investigar esses ideais de modernidade conflitantes, a pesquisadora igualmente considera a relação que os paulistas da Semana de 22 estabeleceram com o evento e com os artistas do Rio de Janeiro que o abordaram.

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Danielle Crepaldi Carvalho,  pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.
Danielle Crepaldi Carvalho, pesquisadora e bolsista do Programa de Apoio à Pesquisa da Biblioteca Nacional.

A pesquisa propõe realizar uma análise de cunho transdisciplinar, atenta às relações que as artes estabeleceram entre si. Para tanto, fará uso extensivo do amplo acervo que a Biblioteca Nacional tem sobre o tema: manuscritos (cartas, blocos de anotações); iconografia (fotografias, papéis timbrados, álbuns, litografias); obras audiovisuais (em especial o que se publicou sobre essas obras na imprensa da época, já que parte considerável delas se perdeu); e, sobretudo, a produção jornalística do período, na qual colaboraram romancistas, cronistas e contistas que escreveram sobre a efeméride.

Embora tenha como cerne a Exposição do Centenário (1922-1923), Danielle propõe também analisar os seus antecedentes, agregando as fontes que discutiram a questão na imprensa. Conforme ela destaca, há referências à necessidade de um evento desta natureza já em meados de 1910, mesma época em que Lima Barreto publica em livro o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, saído em folhetim já em 1911, obra crítica ao ufanismo que, mais tarde, imperaria na Exposição do Centenário. Lima Barreto é incontornável a este trabalho, segundo a pesquisadora, pelo seu posicionamento crítico à realização de um evento tão caro. Tanto que, após a abertura da Exposição, usaria a sua crônica semanal na Careta para dar voz ao carioca: “Que me adianta José Bonifácio, Pedro I, Alvares Cabral, o Amazonas, o ouro de Minas, a feérica Exposição, o Minas Gerais, se levo a vida a contar vinténs para poder viver?”.

Danielle Crepaldi Carvalho é pós-doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, tendo desenvolvido ali, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, um projeto de pesquisa voltado ao levantamento e à reflexão sobre os usos dos sons nos cinemas do Rio de Janeiro, entre 1895 e 1916, buscando entender as relações que o âmbito cinematográfico estabeleceu com as demais manifestações culturais de seu tempo, notadamente a literatura e o teatro. Na Universidade de São Paulo, integra o grupo de pesquisa CNPq História e Audiovisual: circularidades e formas de comunicação. Na UNIFESP, integra o GT-CNPq Grupo de Investigações do Poético (GRIPhO), coordenado por Francine Fernandes Weiss Ricieri. É Doutora em Teoria e História Literária pela Universidade de Campinas, com tese centrada na análise de textos cronísticos a respeito do cinema (e dispositivos ópticos afins), publicados na imprensa do Rio de Janeiro, entre 1894 e 1922, tendo realizado estágio pós-doutoral na Sorbonne Nouvelle – Université Paris III. É coorganizadora de edições anotadas de seletas de contos de escritores brasileiros do final do século XIX e princípios do XX, de coletâneas de artigos voltadas à reflexão sobre as relações entre cinema e história, e é coautora da tradução e análise do melodrama teatral francês L’Auberge des Adrets. Publica em revistas nacionais e internacionais nos âmbitos da literatura, do cinema e do teatro, seus três campos de interesse, procurando refletir sobre a sua inter-relação.

 

Obras em que ajudou a organizar e/ou traduzir:

Cinema e História: Circularidades, Arquivos e Experiência Estética - https://www.editorasulina.com.br/detalhes.php?id=726

Cinema: estética, política e dimensões da memória - https://www.editorasulina.com.br/detalhes.php?id=777

Provenance and Early Cinema - https://www.amazon.com/s?k=danielle+crepaldi+carvalho&ref=nb_sb_noss

Retratos do Brasil pré-modernista e modernista: Antologia de contos - https://www.amazon.com/Retratos-Brasil-pr%C3%A9-modernista-modernista-Portuguese-ebook/dp/B01LFGPXNG/ref=sr_1_3?dchild=1&keywords=danielle+crepaldi+carvalho&qid=1622664143&sr=8-3

A Estalagem dos Trampolineiros - https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/a-estalagem-dos-trampolineiros

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8151439878513395