A pesquisa propõe realizar uma análise de cunho transdisciplinar, atenta às relações que as artes estabeleceram entre si. Para tanto, fará uso extensivo do amplo acervo que a Biblioteca Nacional tem sobre o tema: manuscritos (cartas, blocos de anotações); iconografia (fotografias, papéis timbrados, álbuns, litografias); obras audiovisuais (em especial o que se publicou sobre essas obras na imprensa da época, já que parte considerável delas se perdeu); e, sobretudo, a produção jornalística do período, na qual colaboraram romancistas, cronistas e contistas que escreveram sobre a efeméride.
Embora tenha como cerne a Exposição do Centenário (1922-1923), Danielle propõe também analisar os seus antecedentes, agregando as fontes que discutiram a questão na imprensa. Conforme ela destaca, há referências à necessidade de um evento desta natureza já em meados de 1910, mesma época em que Lima Barreto publica em livro o romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, saído em folhetim já em 1911, obra crítica ao ufanismo que, mais tarde, imperaria na Exposição do Centenário. Lima Barreto é incontornável a este trabalho, segundo a pesquisadora, pelo seu posicionamento crítico à realização de um evento tão caro. Tanto que, após a abertura da Exposição, usaria a sua crônica semanal na Careta para dar voz ao carioca: “Que me adianta José Bonifácio, Pedro I, Alvares Cabral, o Amazonas, o ouro de Minas, a feérica Exposição, o Minas Gerais, se levo a vida a contar vinténs para poder viver?”.
Danielle Crepaldi Carvalho é pós-doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, tendo desenvolvido ali, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, um projeto de pesquisa voltado ao levantamento e à reflexão sobre os usos dos sons nos cinemas do Rio de Janeiro, entre 1895 e 1916, buscando entender as relações que o âmbito cinematográfico estabeleceu com as demais manifestações culturais de seu tempo, notadamente a literatura e o teatro. Na Universidade de São Paulo, integra o grupo de pesquisa CNPq História e Audiovisual: circularidades e formas de comunicação. Na UNIFESP, integra o GT-CNPq Grupo de Investigações do Poético (GRIPhO), coordenado por Francine Fernandes Weiss Ricieri. É Doutora em Teoria e História Literária pela Universidade de Campinas, com tese centrada na análise de textos cronísticos a respeito do cinema (e dispositivos ópticos afins), publicados na imprensa do Rio de Janeiro, entre 1894 e 1922, tendo realizado estágio pós-doutoral na Sorbonne Nouvelle – Université Paris III. É coorganizadora de edições anotadas de seletas de contos de escritores brasileiros do final do século XIX e princípios do XX, de coletâneas de artigos voltadas à reflexão sobre as relações entre cinema e história, e é coautora da tradução e análise do melodrama teatral francês L’Auberge des Adrets. Publica em revistas nacionais e internacionais nos âmbitos da literatura, do cinema e do teatro, seus três campos de interesse, procurando refletir sobre a sua inter-relação.
Obras em que ajudou a organizar e/ou traduzir:
Cinema e História: Circularidades, Arquivos e Experiência Estética - https://www.editorasulina.com.br/detalhes.php?id=726
Cinema: estética, política e dimensões da memória - https://www.editorasulina.com.br/detalhes.php?id=777
Provenance and Early Cinema - https://www.amazon.com/s?k=danielle+crepaldi+carvalho&ref=nb_sb_noss
Retratos do Brasil pré-modernista e modernista: Antologia de contos - https://www.amazon.com/Retratos-Brasil-pr%C3%A9-modernista-modernista-Portuguese-ebook/dp/B01LFGPXNG/ref=sr_1_3?dchild=1&keywords=danielle+crepaldi+carvalho&qid=1622664143&sr=8-3
A Estalagem dos Trampolineiros - https://www.editorapenalux.com.br/catalogo-titulo/a-estalagem-dos-trampolineiros
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8151439878513395