Parte de uma pesquisa mais ampla denominada "História em quadrinhos e Literatura: um olhar sobre a coleção da EBAL", desenvolvida na Fundação Biblioteca Nacional (FBN), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a historiadora Raquel França dos Santos Ferreira (Periódicos, CCSL) procurou destacar a presença da escrita feminina na primeira série da Edição Maravilhosa da Editora Brasil-América Limitada (EBAL). A Edição Maravilhosa caracterizava-se por quadrinizar obras literárias nacionais e estrangeiras. Dentro de um vasto corpus destas adaptações literárias, a contribuição da escrita feminina permite revelar uma série de clivagens do mundo social. O lugar reservado para as mulheres dentro da coleção foi moldado por variados fatores, desde questões de gênero próprios daquele contexto, até a posição de respeitabilidade que os editores da EBAL visavam alçar as histórias em quadrinhos na sociedade. A junção desses dois aspectos evidenciou que a seleção dos textos e das temáticas femininas foi pautada por uma rigidez moral que não lançasse suspeitas sobre o formato quadrinho. A apresentação da pesquisa também destacou como a escrita feminina tem permanecido em grande medida invisível aos olhos do cânone literário. Autoras, hoje esquecidas, revelam um panorama do campo literário muito mais diverso do que costumamos imaginar.
Raquel França dos Santos Ferreira é historiadora, especialista em ensino de História pelo Cespeb-UFRJ, mestre em História Pela PUC-RJ, doutora em História pela UFF. Atua como pesquisadora da Coordenação de Publicações Seriadas da Fundação Biblioteca Nacional desde 2006. Colabora com a divulgação do acervo através de textos para a BN Digital e é autora do livro A ‘Última Página’ de O Cruzeiro: crônicas e escrita política de Rachel de Queiroz no pós-64 (Publit, 2016).
