Seminaristas visitam a Biblioteca Nacional e assistem aula sobre Bíblias raras

sábado, 4 de julho de 2015.
Notícia
obras raras, aula
Cerca de 20 alunos do Seminário Arquidiocesano São José de Niterói participaram, no último dia 19 de junho, da “mostra/aula” ministrada por Maria Olívia de Quadros Saraiva, pesquisadora doutora, bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes (PNAP-R) e professora de História da Igreja do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário Arquidiocesano São José de Niterói.

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Maria Olívia de Quadros Saraiva, pesquisadora doutora e bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes (PNAP-R) fala sobre bíblias raras para alunos do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário Arquidiocesano São José de Niterói.
Maria Olívia de Quadros Saraiva, pesquisadora doutora e bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes (PNAP-R) fala sobre bíblias raras para alunos do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário Arquidiocesano São José de Niterói.

De acordo com a pesquisadora, a seleção das obras para a aula foi uma “busca arqueológica, uma verdadeira escavação”. Os critérios utilizados foram raridade e curiosidade (religiosa e doutrinária). Dois livros “de cofre” fizeram parte da mostra: a Gramática raríssima do Padre José de Anchieta (século XVI) e a Bíblia de Mogúncia (século XV), o incunábulo mais precioso da Biblioteca Nacional.

Entre os títulos analisados estavam:

  • três bíblias latinas dos anos de 1481, 1484 e 1590 (todas elas trazendo o texto da “vulgata” de São Jerônimo), sendo a de 1484, citada nos mais importantes catálogos de incunábulos do mundo;
  • a bíblia Complutense Poliglota, a primeira edição do Novo Testamento grego a ser preparada para impressão, embora estivesse pronta em 1514, foi dada ao público só em 1522;
  • a 1ª edição de Erasmo (1516) do Novo Testamento, diagramado em duas colunas, sendo a primeira em grego e a segunda na versão latina, feita pelo próprio (a Biblioteca possui ainda a quarta 4ª edição de Erasmo, de 1527, que traz também o texto da “vulgata”, numa terceira coluna);
  • a bíblia hebraica de Daniel Bomberg (1524-1525), cujo texto acabou por se tornar o padrão para a bíblia hebraica; seu impressor, Daniel Bomberg, foi um dos pioneiros na impressão de livros em hebraico;
  • a bíblia poliglota de Antuérpia (ou a Bíblia de Plantin, o renomado impressor do século XVI), com o texto completo em hebraico, grego, aramaico e latim;
  • a bíblia alemã católica de 1692, que tem a particularidade de ter sido editada a partir da tradução de Lutero;
  • e a bíblia traduzida por João Ferreira de Almeida no século XVI, a primeira versão impressa em língua portuguesa. Embora não se trate da primeira edição, o exemplar possui encadernação imperial e pertencia a Dom Pedro II.

A aula foi um sucesso e entusiasmou os alunos seminaristas, como relata a professora Olívia: “Eles adoraram: tiveram contato com documentos de valor histórico inestimável, produzidos nos primórdios da imprensa, nos séculos XV e XVI, justamente o período da história da Igreja que estou estudando com eles, incluindo o final da Idade Média, o Renascimento e o mundo moderno.”

Maria Olívia de Quadros Saraiva, pesquisadora doutora e bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes (PNAP-R) fala sobre bíblias raras para alunos do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário Arquidiocesano São José de Niterói.
Maria Olívia de Quadros Saraiva, pesquisadora doutora e bolsista do Programa Nacional de Apoio a Pesquisadores Residentes (PNAP-R) fala sobre bíblias raras para alunos do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário Arquidiocesano São José de Niterói.
Funcionário do acervo de Obras Raras da Biblioteca Nacional manipula livros utilizados na aula da pesquisadora Maria Olívia de Quadros Saraiva, que aparece ao fundo.