De acordo com a pesquisadora, a seleção das obras para a aula foi uma “busca arqueológica, uma verdadeira escavação”. Os critérios utilizados foram raridade e curiosidade (religiosa e doutrinária). Dois livros “de cofre” fizeram parte da mostra: a Gramática raríssima do Padre José de Anchieta (século XVI) e a Bíblia de Mogúncia (século XV), o incunábulo mais precioso da Biblioteca Nacional.
Entre os títulos analisados estavam:
- três bíblias latinas dos anos de 1481, 1484 e 1590 (todas elas trazendo o texto da “vulgata” de São Jerônimo), sendo a de 1484, citada nos mais importantes catálogos de incunábulos do mundo;
- a bíblia Complutense Poliglota, a primeira edição do Novo Testamento grego a ser preparada para impressão, embora estivesse pronta em 1514, foi dada ao público só em 1522;
- a 1ª edição de Erasmo (1516) do Novo Testamento, diagramado em duas colunas, sendo a primeira em grego e a segunda na versão latina, feita pelo próprio (a Biblioteca possui ainda a quarta 4ª edição de Erasmo, de 1527, que traz também o texto da “vulgata”, numa terceira coluna);
- a bíblia hebraica de Daniel Bomberg (1524-1525), cujo texto acabou por se tornar o padrão para a bíblia hebraica; seu impressor, Daniel Bomberg, foi um dos pioneiros na impressão de livros em hebraico;
- a bíblia poliglota de Antuérpia (ou a Bíblia de Plantin, o renomado impressor do século XVI), com o texto completo em hebraico, grego, aramaico e latim;
- a bíblia alemã católica de 1692, que tem a particularidade de ter sido editada a partir da tradução de Lutero;
- e a bíblia traduzida por João Ferreira de Almeida no século XVI, a primeira versão impressa em língua portuguesa. Embora não se trate da primeira edição, o exemplar possui encadernação imperial e pertencia a Dom Pedro II.
A aula foi um sucesso e entusiasmou os alunos seminaristas, como relata a professora Olívia: “Eles adoraram: tiveram contato com documentos de valor histórico inestimável, produzidos nos primórdios da imprensa, nos séculos XV e XVI, justamente o período da história da Igreja que estou estudando com eles, incluindo o final da Idade Média, o Renascimento e o mundo moderno.”