Mídia, Representação da Condição Feminina e Poder Político: Micropolítica e Análise de Conjuntura

Outubro, 2007
Thiene Barreto Pacheco
Pesquisa
Política, Condição feminina, bolsista graduado

Bolsista Graduada

Desde o final do século XIX, a identidade social das mulheres tem passado por alterações significativas. A figura da dona de casa, voltada exclusivamente para o cuidado do lar e dos filhos, deu lugar a um novo padrão de mulher, que nasceu com o direito a voto e passou a fazer parte do significativo contingente feminino que ingressa todos os anos no mercado de trabalho.
O antigo padrão dominante foi substituído por público feminino com poder aquisitivo considerável e novas aspirações e objetivos de vida. Já no final do século XX, foi a vez da revolução que levou à construção de nova identidade sexual feminina, estimulada pelo advento dos métodos anticoncepcionais e, no caso do Brasil, também pelas alterações na legislação relativa ao divórcio.

Com as modificações, as mulheres passaram a gozar de maior liberdade sexual e a encarar o sexo por outra perspectiva. Desde então, pode-se afirmar que as disputas políticas e ideológicas sobre as representações sobre o corpo feminino (condição feminina) passaram a ser alvo de debates e interpretações concorrentes. A partir daí, pode-se observar duas vertentes. De um lado, os discursos considerados manipuladores, que procurariam inserir a mão de obra feminina no sistema capitalista, paralelamente ao crescimento do apelo dos produtos dirigidos ao
público feminino.

Do outro, os movimentos reivindicatórios, originários das campanhas sufragistas, que se posicionam contra a representação feminina tida como tradicional, considerada restritiva, e defendem a reformulação do papel feminino e masculino na sociedade.

Desde a abordagem acadêmica e sistematizada de Simone de Beauvoir à tematização do conflito feminino em romances, até o jargão panfletário que vulgarizou o feminismo pregando a “libertação da mulher”, diversos discursos foram produzidos a respeito da crise da identidade feminina. O jargão panfletário e as frases feitas mais vendáveis do discurso reivindicatório sobre a mulher foram apropriados pela mídia, desgastados em campanhas políticas e reciclados sob a forma de um discurso pretensamente feminista, mas já desvinculado de suas origens e do compromisso com os novos papéis da mulher e suas representações.

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