Moral e disciplina: o controle do corpo escravo como limite do ideal beneditino na Corte Imperial

Novembro, 2008
Paulo Henrique Silva Pacheco
Pesquisa
Escravidão, Império, bolsista graduado, religião, Mosteiro de São Bento

Bolsista Nível 2 - Graduado

Pensar a religiosidade, em um dado momento histórico, inevitavelmente remete ao questionamento dos padrões que a determinam, ou melhor, especificam as suas práticas. No estudo de uma organização religiosa, identificar os fatores que a caracteriza é o início para compreender os seus aspectos fenomenológicos e ou racionais.

Uma análise fenomenológica, quando fundamentada nos conceitos de Edmund Husserl e Martin Heidegger, busca a forma da consciência do sujeito através da expressão das suas experiências internas, tomando como objeto de estudo o próprio fenômeno. Essa possibilidade de análise privilegia a compreensão da “essência” de uma religiosidade, ocupando-se apenas com as suas manifestações. Os seus recursos metodológicos, apesar de ser cauteloso ao considerar a complexidade dos fatos, a fim de não se perder neles, abstraemse do universo empírico, o que a faz se aproximar da experimentação de um sagrado. Essa perspectiva é muito marcante nas produções de Rudolf Otto, erudito no estudo comparado das religiões, que apontou uma dicotomia entre as questões do não-racional e racional do sagrado.

A racionalização acerca de um grupo religioso presume a existência de um conjunto de regras e princípios que os orientam, fatores que condicionam toda a sua lógica interna, possíveis de serem evidenciados na sua aparência mais visível. Nesse âmbito há uma disposição de recursos que protegem e ministram uma tradição, relacionando aspectos internos do grupo com o seu exterior, ou vice-versa. Dessa forma, certos elementos passam a ser especificados, afirmando uma estrutura organizacional interna que legitima e justifica o espaço utilizado em função do sagrado.