Uma coleção de viagens e viajantes em perigo? O furto de obras raras na biblioteca do Museu Nacional/UFRJ

Novembro, 2018
Autor(es): 
Leandra Pereira de Oliveira
Edson Vargas da Silva
Apresentação
Roubo de livros, Obras raras, Museu Nacional, XIII ENAR

O presente estudo tem como objetivo discorrer sobre casos de furtos ocorridos e medidas de segurança praticadas na Biblioteca, visando garantir a salvaguardar da estimada e valiosa coleção de obras raras do Museu Nacional/UFRJ. A Biblioteca do Museu Nacional, como em todas as bibliotecas de reconhecida importância e precioso acervo, originalmente teve a formação de sua coleção pela doação de coleções especiais e doações espontâneas de pessoas ilustres e instituições de destaque na história do país e do mundo. A sua importância reside na reunião de obras clássicas ao longo do bicentenário do Museu Nacional, e principalmente por custodiar obras com relatos de viagens e dos viajantes que passaram pelo Brasil, países da América e outros continentes entre séculos XVII e XIX, considerados de alto valor no mercado de artes por colecionadores, bibliófilos e livreiros. Além do levantamento bibliográfico e documental, o estudo apoiou-se no questionário apresentado por GREENHALGH (2014) sobre "Segurança em Coleções de Obras Raras em Bibliotecas Universitárias" para apresentar as medidas de segurança adotadas para a proteção do acervo bibliográfico na Biblioteca do Museu Nacional. Embora se tenham notícias de registros no Brasil de furtos e roubos de obras raras no universo das bibliotecas no século XX e na Biblioteca Nacional na década de 70 do século XXI, conforme relatado por Carvalho (2017), indiscutivelmente, observa-se a popularização desse crime no início desse século. No caso da Biblioteca do Museu Nacional, registram-se os primeiros casos precisamente na década de 90. Amplamente noticiado nos meios de comunicação em 2004, várias bibliotecas no Brasil foram furtadas pela quadrilha comandada pelo maior ladrão de obras raras do país, inclusive a Biblioteca do Museu Nacional que teve in-fólios e livros mutilados e exemplares inteiros furtados. Com efeito, naquele momento foi realizado o inventário para verificar o dano à coleção de obras raras, adotas novas medidas de segurança do acervo normalizadas no Regulamento da Biblioteca e instalados sistema de câmeras e antenas anti-furto. Desta forma, todas as medidas tomadas pelo Museu Nacional, que foram implantadas após a ocorrência e reincidência de furtos, servem de alerta para que os profissionais não baixem a guarda em relação à perseverança em manter a segurança dos acervos mesmo em tempos difíceis, em que as instituições de ensino, pesquisa e memória sofrem com a redução de orçamento e de pessoal no Brasil.