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Ostensor Brasileiro: jornal literário e pictorial. Edição fac-similar (1845 - 1846)
“O periódico Ostensor Brasileiro surge disposto a promover a chamada brasilidade, com a publicação de temas históricos, geográficos e sociais através da literatura. (...)
O Ostensor Brasileiro circulou entre 1845 e 1846, com periodicidade regular, publicando cinquenta e dois números, com oito páginas, sem indicação de dia e mês, num total de quatrocentos e dezesseis páginas, além das cinquenta e quatro gravuras sem numeração. Todos os fascículos foram reunidos posteriormente num só volume. Não há referência de anúncios ou de assinantes (...).
Temos no Ostensor uma relação delicada entre Literatura e História, sem aduanas férreas a dividi-las, sem outros cuidados que buscassem preservar o discurso histórico de uma espessa camada ficcional. Vemos aqui uma transição retórica determinante, em que o folhetim adquire sua vocação definitiva, na qual o espaço da história é redesenhado segundo uma linha imaginária, que se confirma no desapego das fontes e no inquieto nomadismo factual, promovendo, portanto, uma célere mudança de planos e linguagem, uma inflação de anacronismos, uma sintaxe inquieta e vibrátil, onde mal se reconhece a forma do presente projetada no passado. (...) A leitura dos índices do Ostensor precisou lidar com a recorrente migração entre personagens históricos e ficcionais, que habitam a mesma topologia imprecisa, um quase não-lugar entre a Literatura e a História. (...)
O Ostensor encarna o início de um processo que alcançaria na obra de Machado de Assis o alto refinamento do diálogo entre História e Literatura, que há de permanecer em aberto para sempre.”
Eliane Perez e Marco Lucchesi
(texto da apresentação)