Revista Poesia Sempre, ano 19, n.37 − Poesia ameríndia no Brasil

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"Em prosseguimento à ideia de se perseguir o caminho inaugurado na edição anterior, dirigido à poesia no estado de Minas Gerais, de uma dedicação integral à poesia brasileira, o Conselho Editorial da revista Poesia Sempre percebeu a importância de se construir um número por inteiro voltado à poesia indígena em terras nacionais. Afinal, a tradição dos cantos ameríndios remonta a um longo tempo precedente ao descobrimento do país, quando se deu a consequente fixação da língua portuguesa entre nós. Neste ponto há que se colocar o antigo problema: sempre que se fala de uma história da poesia brasileira, o primeiro nome arrolado é o do padre José de Anchieta, uma vez que os cantos poéticos ameríndios, formulados oralmente nas várias línguas indígenas, não são considerados “poesia brasileira”, ou seja, versos escritos em português. Portanto, este número da Poesia Sempre apresenta o viés, a meu ver corajoso, de propugnar pela inserção dos cantos ameríndios na história da poesia no Brasil.

Contudo, dificuldades relativas aos direitos autorais desde logo se tornaram graves problemas para nós. Os cantos ameríndios pertencem aos diferentes povos indígenas que, desde os tempos imemoriais até a atualidade, os vêm tecendo por meio de incessantes mutações. Assim, para a publicação teria que haver uma complexa e extensa negociação entre a Fundação Biblioteca Nacional e as lideranças das várias etnias, o que inviabilizaria a edição. A saída encontrada foi a publicação de dois ensaios, de Sergio Cohn e de Pedro Cesarino, em torno da estrutura geral dessa poética, inclusive com a apresentação de importantes fragmentos dos cantos, seguida de uma entrevista com o antropólogo Carlos Fausto, quando se discute, entre outras coisas, o problema dos direitos autorais em relação aos indígenas.

Para complementar a seção dedicada aos cantos ameríndios incluímos três textos de grande importância histórica. (...) organizamos uma coletânea de poemas sobre a temática indígena em língua portuguesa, a começar com Gregório de Matos na época barroca, passando pelos românticos até atingirmos os dias de hoje.

Há que se destacar, ainda, a entrevista com a professora Lucia Sá, realizada por Sergio Cohn, quando variados temas relativos à cultura indígena são debatidos. Na parte referente à poesia traduzida, se mostram três conhecidos poemas do romântico inglês John Keats. Por fim, na seção de resenhas, Claudio Willer e Floriano Martins discorrem sobre as obras dos poetas Wilmar Silva e José Santiago Naud."

Afonso Henriques Neto

(texto da apresentação)

Características (título)

Ano de publicação: 
2013

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