Memória do Mundo

Data: 
29/07/2016 a 31/10/2016
Período e horários: 
segunda a sexta-feira, das 10h às 17h
sábado, das 10h30 às 14h.
A Biblioteca Nacional, em função de seu vasto e rico acervo, busca participar anualmente do Programa Memória do Mundo. Esta é uma dentre as várias iniciativas da instituição para a preservação e a divulgação de suas coleções, inclusive em meios digitais. Na mostra aqui apresentada, estão expostos os documentos e coleções do acervo da Biblioteca Nacional que foram reconhecidos pela UNESCO como patrimônio cultural da humanidade. Esse reconhecimento representa um passo importante para a valorização e divulgação do nosso patrimônio documental.

Manuscritos Musicais de Carlos Gomes

Os manuscritos autógrafos de Carlos Gomes das óperas Maria Tudor, Fosca, Salvator Rosa e Il Guarany, uma das peças clássicas brasileiras mais conhecidas e executadas no mundo, integram a coleção de manuscritos musicais (período 1871-1878) do maior compositor brasileiro do século XIX.

Matrizes de gravura da Casa Literária do Arco do Cego

A Casa Literária do Arco do Cego foi um importante empreendimento editorial em Portugal dirigido pelo botânico brasileiro Frei José Mariano da Conceição Veloso. Entre agosto de 1799 a dezembro de 1801 a Casa Literária publicou 83 títulos (identificados), dos quais 44 ilustrados com gravuras em cobre (técnica calcográfica), abordando diversos temas: ciências naturais, economia agrícola, medicina, saúde pública, arquitetura, astronomia, náutica, ciências exatas, poesia e belas-artes. Do conjunto remetido ao Rio de Janeiro, por ocasião da vinda da Família Real para o Brasil, existem hoje 498 matrizes em nosso acervo.

Coleção Alexandre Rodrigues Ferreira - Viagem filosófica: expedição científica de Alexandre Rodrigues Ferreira nas Capitanias de Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá – 1783 a 1792

Esta coleção reúne 191 documentos manuscritos e 1.180 desenhos que retratam a natureza, as pessoas e as povoações da Amazônia brasileira no final do século XVIII, quando a Coroa Portuguesa enviou à região uma expedição liderada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Os desenhos foram feitos pelos artistas que o acompanhavam, José Joaquim Freire e Joaquim Codina. Ferreira foi o responsável pela identificação de inúmeras espécies da fauna e da flora e por registrar os costumes de povos indígenas hoje desaparecidos ou aculturados, o que reforça a importância da coleção para a nossa história.

Carta Real de Abertura dos Portos Marítimos ao Comércio com as Nações Amigas

A Carta de Abertura dos Portos foi o primeiro ato do príncipe regente D. João no Brasil. Assinada em 28 de janeiro de 1808, na Bahia, autorizava o comércio brasileiro com os países em paz com Portugal, pondo fim ao antigo monopólio lusitano.

Já prevista na Convenção Secreta de Londres, assinada em 22 de outubro de 1807 entre os governos português e britânico, a liberação do comércio brasileiro era desejo também de comerciantes locais. Suas demandas foram encaminhadas pelo governador da capitania da Bahia de Todos os Santos, conde da Ponte, tão logo o príncipe regente chegou a Salvador fugindo de Napoleão Bonaparte, cujas tropas ocupavam Lisboa.

A Carta de Abertura dos Portos marcou o início das mudanças nas relações entre a metrópole portuguesa e a colônia brasileira, propiciando a diversificação da economia brasileira.

Coleção do Imperador: Fotografia brasileira e estrangeira do século XIX

Formada por 21.742 fotografias, a coleção retrata a vida e o conhecimento humano em diversos aspectos do mundo oitocentista  - na astronomia, arqueologia, artes, educação, arquitetura, medicina, botânica, planejamento urbano - além de personalidades públicas, eventos da história europeia e mundial, costumes e culturas orientais, história e cultura brasileiras.

A coleção Thereza Christina Maria chegou à Biblioteca Nacional em 1892, doada pelo imperador D. Pedro II ainda em vida, pouco depois de ser obrigado a deixar o Brasil. Fonte riquíssima de informações sobre o século XIX, também oferece amplo painel das primeiras décadas da história da fotografia, seus processos técnicos, usos, gêneros, formatos, e ainda, da produção de alguns dos mais notáveis fotógrafos da época no Brasil e no exterior.

Atlas e mapa do cartógrafo Miguel Antonio Ciera

Miguel Antonio Ciera, italiano de Pádua, integrante da Terceira Partida (subdivisão da Comissão de Demarcação de Fronteiras da região Sul da América Meridional), exerceu importante trabalho na realização das observações astronômicas e elaboração de cartas geográficas nessa região.

Desenvolveu atividade de extrema importância em um período de renovação do ensino na segunda metade do século XVIII. Em 1780, foi nomeado lente da Aula de Navegação em Lisboa, onde ensinou  trigonometria  esférica  e  navegação  teórica.  Faleceu  em  10  de  setembro  de  1782.  Além  da  cartografia, Ciera  produziu  diversos  trabalhos, como  tradução  de  Ovídio  e no  campo  musical, libreto  de  ópera  de  temática pastoril “Il sacrifício de Pastori” , publicado em 1772, por ocasião do aniversário de D. José I.

O atlas e o mapa mural de Miguel Antonio Ciera tratam da demarcação de fronteiras entre os domínios das coroas espanhola e portuguesa na Região Sul da América Meridional, estabelecida no Tratado de Madri em 1750. Ambos produzidos por Ciera, os documentos abrangem desde a foz do rio Prata até a confluência do rio Paraguai com o Jauru, onde está indicado o marco fixado pela Comissão, além de constarem vistas panorâmicas. O atlas inclui ainda iconografia de animais e costumes, e o mapa mural se estende às missões jesuíticas.

Cultura e Opulência do Brasil, de André João Antonil

A obra delineia o Brasil, pelas impressões e ideias de André João Antonil, um jesuíta italiano seiscentista, desvelando práticas, relações e técnicas que fundaram a economia brasileira:  do plantio da cana ao fabrico do açúcar, a lavoura de tabaco, o pau-brasil, a mineração, os gados e o valor econômico destas atividades. Mas seu conteúdo trata também da cobiça, do poder e da submissão, da família, da mulher, do escravizado.

Impresso em Lisboa no ano de 1711, a primeira edição de Cultura e Opulência foi proibida, apreendida e destruída, por ordem do rei de Portugal D. João V, que considerou inconveniente a publicação das informações sobre as riquezas do Brasil e a enumeração das rendas da Coroa.

Cartas Andradinas

As “cartas andradinas” compõem um conjunto de  69 cartas enviadas pelos três irmãos Andrada – José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos – exilados na França, ao jornalista e diplomata Antônio de Menezes Vasconcelos de Drummond, entre 1824 e 1833. No conjunto, destacam-se as cartas escritas por José Bonifácio que oferecem uma rica visão de suas reações sobre os acontecimentos políticos no Brasil, dos quais se via afastado contra vontade.

Guerra do Paraguai – A guerra da tríplice aliança: representações iconográficas e cartográficas

A guerra da tríplice aliança deixou marcas indeléveis na história da América Meridional. Um dos conflitos armados mais sangrentos do século XIX, marcou os processos históricos dos países envolvidos: Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai.

Além dos registros da guerra, foram reunidos documentos que descortinam territórios, visões múltiplas do espaço geográfico; descrevem as casas, os acampamentos, as fortificações, as equipes e retratam tipos humanos, como negros escravos, que guerrearam por sua própria liberdade. As representações cartográficas e iconográficas apresentadas mostram a trajetória de homens comuns que constroem sua própria história.

Além da Biblioteca Nacional, a candidatura reuniu acervos de mais oito instituições brasileiras (Arquivo Histórico do Exército, Arquivo Histórico e Mapoteca Histórica do Itamaraty, Arquivo Nacional,  Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, Fundação Biblioteca Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Museu Histórico Nacional, Museu Nacional de Belas Artes e Museu Imperial) e duas do Uruguai (Museo Histórico Nacional e Biblioteca Nacional).

Manuscritos Musicais de Ernesto Nazareth

Ernesto Nazareth, pianista e compositor, nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1863, cidade onde faleceu pouco antes de completar 71 anos, em 1º de fevereiro de 1934.

Os manuscritos musicais do compositor Ernesto Nazareth constituem um conjunto documental de grande relevância para a música popular brasileira. Criou formas melódicas e harmônicas inconfundíveis, que se tornaram referência da musicalidade nacional. Ouviu os sons que vinham da rua, tocados por nossos músicos populares, e os levou para o piano, dando-lhes roupagem requintada.

Deixou 211 peças completas para piano. Suas obras mais conhecidas são: "Apanhei-te, cavaquinho", "Ameno Resedá" (polcas), "Confidências", "Coração que sente", "Expansiva", "Turbilhão de beijos" (valsas), "Odeon", "Fon-fon", "Escorregando", "Brejeiro" "Bambino" (tangos brasileiros).

Mário de Andrade assim definiu Nazareth: "compositor brasileiro dotado de uma extraordinária originalidade, porque transita com fôlego entre a música popular e erudita, fazendo-lhe a ponte, a união, o enlace".

Localização

Espaço para mostras do 2º andar

Fundação Biblioteca Nacional Av. Rio Branco 219 2º andar | corredor Rio de Janeiro, RJ 20040-008