Mônica Gama e o diálogo entre o editor e os escritores

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015.
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Pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional em sistema de residência pelo Programa Nacional de Apoio a Pesquisa (PNAP-R), Mônica Gama realiza um trabalho que tem por objetivo estudar as estratégias de apresentação dos livros editados pela Livraria José Olympio Editora.

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Mônica Gama é pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional e sistema de residência pelo PNAP-R.
Mônica Gama é pesquisadora da Fundação Biblioteca Nacional e sistema de residência pelo PNAP-R.

A  pesquisa de Mônica Gama tem por objetivo estudar as estratégias de apresentação dos livros editados pela Livraria José Olympio Editora. Entre 1930 e 1960, muitos escritores passam a procurar a Casa, como a José Olympio ficou conhecida, que tinha boa distribuição fora do eixo Rio de Janeiro/São Paulo, imprimia mais que a tiragem normal de um romance e ainda chegava a pagar adiantado. Reuniu nomes que definiram o cânone literário brasileiro, como José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, Jorge Amado, além de outros hoje pouco estudados, mas fundamentais em nossa história literária, como Humberto de Campos, Marques Rebelo, Gilberto Amado, Cornélio Penna, Lúcia Miguel-Pereira e Agripino Grieco. Em relação ao aspecto físico dos livros, propôs ilustrações e projetos gráficos inovadores, contando com ilustres profissionais, entre eles, Tomás Santa Rosa, Luís Jardim, Poty Lazzarotto, contando também com a contribuição dos artistas plásticos Oswaldo Goeldi, Cândido Portinari e Cícero Dias.

Mônica Gama observa que ao ter um livro em mãos, o leitor entra em contato com marcas que insinuam o modo de interpretá-lo, sejam elas de responsabilidade do autor ou do editor. Assim, a compreensão do objeto estético pode ganhar novos contornos com o conhecimento da produção da obra e da produção de seu valor, dimensões exploradas de forma singular nos elementos que cercam a leitura dos livros, os paratextos: capa, orelhas, ilustrações, prefácios, índices, entre outros.

O programa oferece a oportunidade de a pesquisadora se aprofundar no estudo da editora, pois em sua pesquisa de doutorado, que versa sobre a autorrepresentação autoral de Guimarães Rosa, já havia estudado a produção de suas inovadoras capas, orelhas, índices e prefácios das edições da Livraria José Olympio Editora, elementos guiados (e até mesmo projetados) pelo escritor e acolhidos pela editora, revelando aspectos da construção do campo editorial/literário brasileiro, quando a figura do autor e do editor passam a ser definidas com mais clareza.

Este estudo focaliza a editora em si e os elementos que orientam a leitura que estão nesse limiar da obra – o que antecede a leitura de um livro em particular e, ao mesmo tempo, o insere em uma rede discursiva mais ampla relativa ao espaço editorial.

Mônica Gama é doutora em Literatura Brasileira da Universidade de São Paulo (USP/Fapesp) e sua pesquisa versou sobre a autorrepresentação do escritor João Guimarães Rosa. É membro do grupo Criação e Crítica desde seu início, em 2003, pelo qual editou números da revista que leva o mesmo nome; editou também, em parceria com a Profa. Dra. Claudia Amigo Pino números da revista Manuscrítica. Contato: [email protected]

Links para artigos:

Manuscrítica (São Paulo, 2014) www.revistas.fflch.usp.br/manuscritica/article/view/2126

Revista Criação & Crítica (São Paulo, 2014) http://www.revistas.usp.br/criacaoecritica/article/view/75247

Revista Iberoamericana (Pittsburgh, Estados Unidos)  http://revista-iberoamericana.pitt.edu/ojs/index.php/Iberoamericana/article/view/7086>

Alea: Estudos Neolatinos (Rio de Janeiro, 2012) http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-106X2012000200011&lng=pt&nrm=iso

Revue Recto Verso, v. 2 (França, 2007) – http://www.revuerectoverso.com/spip.php?article78