Entrevista com João Carrascoza, vencedor do Prêmio Literário na categoria Literatura Juvenil

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018.
Entrevista
literatura, literatura brasileira, Prêmio Literário, literatura jovem
O autor João Anzanello Carrascoza foi o grande vencedor do Prêmio Literário Biblioteca Nacional na categoria Literatura Juvenil de 2017. Seu nome, juntamente com aqueles dos demais autores agraciados, foi conhecido durante cerimônia de premiação realizada na Biblioteca Nacional no dia 27 de novembro de 2017. A seguir, abrindo uma série de entrevistas com os autores e artistas vencedores, ele responde algumas perguntas sobre sua obra e processo criativo, bem como sobre a premiação recém-conquistada.

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João Carrascoza, vencedor do Prêmio Literário 2017 na categoria Literatura Juvenil. Foto: Juliana Monteiro Carrascoza.
João Carrascoza, vencedor do Prêmio Literário 2017 na categoria Literatura Juvenil. Foto: Juliana Monteiro Carrascoza.

Natural de Cravinhos, interior de São Paulo (1962), João Carrascoza descobriu cedo uma especial afinidade com a literatura, seja pelas histórias contadas pelo pai, seja pelos livros da mãe. Mudou-se para São Paulo para cursar publicidade, onde trabalhou como redator por um par de décadas em grandes agências publicitárias. João Carrascoza escreve romances e livros de contos, tendo participado de programas internacionais de escritores residentes e conquistado os mais prestigiosos prêmios literários brasileiros – como Jabuti e Biblioteca Nacional, entre outros. Durante anos, vem se dedicando também à docência na ESPM e na Escola de Comunicações e Artes da USP, na qual se graduou e obteve títulos de mestre e doutor.

Qual é a importância de conquistar o Prêmio Literário Biblioteca Nacional?

O prêmio da Biblioteca Nacional é dos mais tradicionais e sérios do país, com critérios claros de julgamento, reunindo sempre comissões avaliadoras competentes, formadas por especialistas em literatura – o que valoriza indiscutivelmente as obras premiadas. É também um prêmio de largo espectro, voltado para todo o sistema literário nacional, que contempla as principais categorias de livros desse segmento lançados anualmente no Brasil.

As situações relatadas nos contos de Tempo Justo são autobiográficas ou trazidas do contato/interação?

Toda ficção advém das experiências vividas, imaginadas ou capturadas da experiência de outrem pela sensibilidade do escritor, somadas à sua capacidade de inventar, transmutar, modificar os fatos e os elementos da narrativa, na busca pela verossimilhança. 

O texto de Bia Reis no blog do Estadão indica que “seu mais recente lançamento, Tempo Justo (Editora SM), é daqueles livros que rompem com as classificações etárias adotadas pelo mercado editorial”. Você escreve para o jovem, ou não pensa em um público específico?

Eu escrevo histórias sem pensar no perfil do público para o qual elas possam ser destinadas editorialmente. Acredito que um livro de contos, ou qualquer de obra de ficção, possa ser lido tanto pelo leitor iniciante quanto pelo adulto (com maior experiência de vida e de leitura). 

Certa vez, você declarou que “uso a rapidez da propaganda para deixar o texto literário menos gorduroso e a literatura para não fazer propaganda convencional”. Trabalhar com um texto “menos gorduroso” é a sua estratégia para falar com o público jovem e capturar sua atenção – muitas vezes frágil – para a literatura?

O texto justo, sem excessos, cuja forma encontrada para narrar a história comunga com as especificidades de seu enredo, tem se revelado um aliado atraente para tocar o leitor, não importa qual a sua idade. 

De que maneira a vivência profissional no mercado de comunicação ajudou a formar o seu estilo de escrever?

Qualquer envolvimento com esse ou aquele tipo de texto, de natureza artística ou técnica, resulta em aprendizado na formação de um escritor. Assim como é igualmente relevante, no processo de escrita de uma obra, o seu contato com outros textos, diferentes ou não de seu estilo.