José Duarte Ramalho Ortigão (Porto, 24 de outubro de 1836 – Lisboa, 27 de setembro de 1915) frequentou o curso de Direito em Coimbra e foi professor de francês antes de começar a publicar no Jornal do Porto, em 1855. Participou da “questão coimbrã”, polêmica literária que opôs o Romantismo e o Realismo e marcou a Literatura portuguesa na segunda metade do século XIX; por conta das discussões, chegou a enfrentar o poeta Antero de Quental num duelo a espada, do qual saiu ferido.
Em 1868 foi viver em Lisboa e travou amizade com Eça de Queirós, com quem escreveu “O Mistério da Estrada de Sintra” (1870). O livro marcou o surgimento do gênero policial em Portugal, mas seus próprios autores, anos mais tarde, o classificaram como “execrável”. Foi também membro de várias Sociedades literárias, científicas e artísticas e bibliotecário da Real Biblioteca d´Ajuda, da qual pediu demissão em 1910 por não concordar em servir a um governo republicano.
A obra mais conhecida de Ramalho Ortigão é o conjunto de volumes intitulado “As Farpas”, composto por publicações mensais que se estenderam desde 1871 a 1882 (foram reunidas em livros anos depois) e se constituem em finas observações sobre a sociedade, a política e os costumes em Portugal. O escritor também publicou biografias e um livro de contos e colaborou com diversos jornais. Entre 1877 a 1915, embora com interrupções, colaborou com o “Gazeta de Notícias”, publicado no Brasil, que visitou em 1887. Os artigos integraram várias séries; que mais se destacou foram as “Cartas Portuguesas”, em que abordou temas diversos, desde questões religiosas a uma análise dos dicionários publicados em seu país.
A Divisão de Manuscritos possui alguns originais das “Cartas Portuguesas” em sua Coleção Literatura. Os documentos se encontram na BN Digital e podem ser consultados acessando o link.