Terremoto em Lisboa: Salve-se Quem Puder!

A Série Documentos Literários, colaboração da Divisão de Manuscritos, lembra a ocasião do Terremoto de Lisboa, que destruiu boa parte da capital portuguesa a 1º de novembro de 1755.
Terremoto de Lisboa
Documentos Literários

Resultantes de um sismo com epicentro no meio do Oceano Atlântico, os primeiros abalos foram sentidos por volta das 9:30 da manhã. Por se tratar do Dia de Todos os Santos, muitas pessoas se encontravam nas ruas e nas igrejas, o que resultou em um maior número de vítimas. O terremoto (que hoje se estima ter sido de Intensidade 9 na Escala Richter) foi seguido de um tsunami, que, além de matar centenas de pessoas refugiadas na zona portuária, se espalhou pelo sul de Portugal, Espanha e costa da África, onde o país mais atingido foi o Marrocos. Os efeitos foram sentidos em todo o entorno, embora em proporções menores.

Após o abalo sísmico e o tsunami, os lisboetas tiveram ainda que lidar com incêndios, pilhagens e enterrar os mortos -- cuja estimativa varia bastante, entre 10.000 e 70.000 -- antes de pensar na reconstrução. Muitos prédios do centro estavam inteiramente destruídos, tais como o Convento do Carmo, a Torre de São Roque e a recém-construída Casa da Ópera, sem falar na Real Biblioteca, que guardava cerca de 70.000 volumes e centenas de obras de arte. Felizmente, o acervo foi recomposto por meio de compras, doações e incorporação de bibliotecas religiosas, ao passo que a cidade era aos poucos reconstruída. As igrejas foram a prioridade, e a parte nobre da cidade teve o traçado medieval substituído por ruas mais largas e retas. É a chamada “baixa pombalina”, em alusão a seu idealizador: Sebastião José de Carvalho e Melo (1699 – 1782), então Secretário de Estado do Reino, que mais tarde se tornaria marquês de Pombal.

O desenhista Miguel Tibério Pedegache (1730? – 1794) retratou algumas ruínas de Lisboa após o terremoto. Os desenhos foram transformados em gravuras pelo francês Jacques-Philippe Le-Bas (1707-1783), e o álbum foi publicado em 1757. Um exemplar dessa coleção está sob a guarda da Divisão de Cartografia da Biblioteca Nacional e pode ser consultado pelo link da BN Digital.

Terremoto de Lisboa
Terremoto de Lisboa - Ilustração mostra a Torre de S. Roque.
Terremoto de Lisboa - Ilustração mostra a Igreja de São Paulo.