Dia da Consciência Negra: Carta de Edison Carneiro sobre a Liberdade Religiosa

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra foi criado pelo Decreto-Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. É celebrado em 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares.
Carta de Edison Carneiro - página 1
cultura afro-brasileira, acervo

Em algumas instituições acadêmicas e culturais, essa data se estende por uma semana ou ao longo de todo o mês de novembro, com mostras, debates, oficinas e outras atividades que convidam à reflexão acerca da presença negra na cultura e na sociedade brasileiras.

O documento que apresentamos é uma fonte para a história da luta por reconhecimentos e direitos iguais. Trata-se de uma carta de Edison Carneiro (Salvador, 12 de agosto de 1912 – Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1972), um dos maiores etnólogos do Brasil, cujo foco sempre foi a cultura afro-brasileira. Em 1937, ele organizou o 2º Congresso Afro-Brasileiro, que teve como desdobramento a criação da União das Seitas Afro-Brasileiras da Bahia, em agosto do mesmo ano. Um mês antes, Carneiro tinha escrito ao também etnólogo Artur Ramos (1903 – 1949) relatando seus esforços no sentido de garantir a liberdade para os cultos de matriz africana, que vinham sofrendo ataques e repressão:

No dia 3 de agosto, vários ogans, pais-de-santo e gente de candomblé, convocados por mim, vão fundar o Conselho Africano da Bahia (um representante de cada candomblé), que se proporá a substituir a polícia na direção das seitas africanas.

Nas décadas seguintes, Edison Carneiro continuou a se dedicar a seus estudos e a sua luta em prol da cultura afro-brasileira, bem como pela valorização do folclore em geral. O Museu do Folclore, fundado em 1968 no Rio de Janeiro, tem o seu nome.

Artur Ramos morreu mais cedo, deixando um arquivo de valor inestimável para estudiosos da cultura negra no Brasil. Sua viúva o doou à Biblioteca Nacional, e a UNESCO lhe conferiu o registro de Memória do Mundo em 2016. A carta de Edison Carneiro integra o arquivo e pode ser consultada na BN Digital

Carta de Edison Carneiro - página 1
Carta de Edison Carneiro - página 2
Carta de Edison Carneiro - página 3