O violão na corte imperial

Dezembro, 2015
Marcia Ermelindo Taborda
Pesquisa
bolsista residente, Rio de Janeiro, violão, Império

Bolsista Residente

Este trabalho focaliza duas faces do processo de difusão do violão na sociedade  carioca oitocentista: o ambiente elitista que fomentou a prática do instrumento e  o meio social dos artesãos, mestres que promoveram o estabelecimento desta  manufatura, cujas oficinas estavam em geral localizadas nas ruas mais desvalorizadas do centro da cidade.

 

Surgido em algum lugar entre Itália e França em fins do século XVIII, o violão alcançou grande popularidade nos salões Europeus, notadamente em Viena, onde o violonista e compositor Mauro Giuliani manteve estreito contato com a família real  dos Habsburgo, e especialmente com Marie Louise, irmã de Leopoldina, futura Imperatriz do Brasil. O que se pode depreender da documentação consultada é que o violão, enquanto moda europeia, foi difundido não apenas no Rio de Janeiro mas em todo o país e o salão das classes dominantes, seja o da imperatriz Leopoldina ou da elite de estrangeiros, foi o ambiente que o acolheu, gerando moeda de alto valor simbólico no processo de aceitação pela sociedade geral.

 

Por outro lado, para que se pudesse tocar violão, era necessário antes de tudo, construí-lo e este artesanato configurou-se como uma tradição que acompanhou os diferentes momentos da cultura musical em que estes instrumentos  estiveram presentes. Como será possível avaliar, a quase totalidade de violeiros estabelecidos no Rio de Janeiro do século XIX, manteve-se na condição de representantes de um ofício socialmente pouco valorizado.